Um Caso de Proselitismo Ateísta bem Esquisito...





O ser humano não cansa de surpreender. Tanto em seus potenciais e virtudes quanto em suas deficiências e defeitos... Nos meus muitos e muitos anos de peregrinação na internet, já encontrei ateus/materialistas de todos os tipos (a rigor, não de todos, e sim de muitos e muitos tipos). Mas sempre há "novidades" para quem anda mais um pouco... No caso do professor e físico brasileiro Ernesto von Rueckert, a novidade foi, digamos, significativamente decepcionante. Assim como o espírita kardecista e físico Sílvio Chibeni, Ernesto é um excelente exemplo de como a ciência pode ser distorcida em favor dos interesses pessoais do freguês, ou melhor, do "pregador/proselitista" (ainda que sejam interesses só emocionais; mas por vezes, quem sabe, há mais do que isso envolvido...). Ernesto jamais respondeu um único email meu sequer, nem respondeu a nenhuma das muitas e meticulosas mensagens que incluí no seu próprio fórum no Orkut. Trata-se, então, um dos casos mais esquisitos com os quais já tive contato ao longo de mais de dez anos de interface com materialistas. Apresento então abaixo as mensagens e questionamentos (refutações) que enviei ao pensamento pseudocientífico do professor Ernesto. As diversas mensagens serão separadas por traços ------------------------------




Repensando o Proselitismo Ateísta de von Rückert

Analisando os Caminhos e Descaminhos do Pensamento Ateísta de Ernesto von Rueckert

 

Saudações ao Sr. Ernesto e eventuais membros ativos do fórum. Iniciei um tópico sobre este tema há poucos dias no fórum da comunidade Céticos S.A., no link abaixo:

http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=26688928&tid=5777896632910996430

 

Minha intenção inicial, como disse ao Sr. Ernesto em email de 14 de agosto, era criar o tópico neste fórum aqui. Reproduzo abaixo meu email:

 

Olá Sr. Ernesto,

 

Tive conhecimento de alguns textos seus sobre proselitismo ateísta, religião, e etc. Bem, cheguei a enviar um comentário a um artigo em especial, sobre proselitismo ateísta, comentário esse que foi incluído após análise da moderação. É minha intenção fazer uma análise mais esmiuçada do que me parecem ser graves falhas no artigo em questão. Por isso estou tentando, também, entrar em sua comunidade no orkut. Na verdade o resultado final desta interação (ou tentativa de interação) será a publicação no meu site de uma análise do seu pensamento em alguns dos seus artigos (ou pelo menos neste artigo em questão). Seu artigo é bem interessante, e, sinceramente, altamente digno de respeito. Mas... ninguém é perfeito (nem eu; e, em verdade em verdade, nem... Deus).

 

Enfim, caso possamos trocar ideias será para mim enriquecedor (como aliás sempre é). Meu site é www.criticandokardec.com.br.

 

Abraços Fraternos,

Julio Siqueira

email:  juliocbsiqueira seguido de arroba gmail.com

site: www.criticandokardec.com.br

 

Somente hoje foi aceita minha participação nesta comunidade aqui, então pretendo mover para cá a partir de hoje a exposição iniciada em Céticos S.A., a fim de tentar ficar mais próximo de pessoas (inclusive do próprio Sr. Ernesto) que possam refletir junto comigo sobre os temas levantados.

 

Iniciarei as postagens a partir de amanhã, de modo a incluir não apenas os trechos anteriores mas também trechos novos, apesar de dificilmente conseguir incluir a totalidade dos comentários que gostaria de fazer sobre o texto em questão.

 

Um grande abraço para todos (apesar do que o Orkut andar tão deserto que fico com a impressão de que não há ninguém tomando conhecimento do que se passa por aqui... :-) ).

 

Julio Siqueira

 

NESTA PRIMEIRA SÉRIE DE MENSAGENS, APENAS REPRODUZIREI O QUE HAVIA INCLUÍDO ORIGINALMENTE (E PROVISORIAMENTE) NO FÓRUM DA COMUNIDADE CÉTICOS S.A. DO ORKUT, LINK ABAIXO:

 

http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=26688928&tid=5777896632910996430

Repensando o Proselitismo Ateísta de Ernesto von Rueckert

(Analisando os Caminhos e Descaminhos do Pensamento Ateísta de Ernesto von Rueckert)

 

O título real deste tópico deveria ser o acima entre aspas, mas infelizmente títulos têm seus tamanhos limitados em demasia no Orkut Comunidades Fóruns.

 

Pretendo iniciar uma minuciosa análise do pensamento deste ateu brasileiro, tanto em seus caminhos (virtudes) quanto em seus descaminhos (falhas, fraquezas, e mazelas potenciais).

 

Abraço para todos,

Julio Siqueira

www.criticandokardec.com.br


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Por quê von Rueckert?

 

Minha opção de comentar alguns dos textos de Ernesto von Rueckert em temas ligados a Crenças vs Descrenças vai contra uma postura minha nos tempos mais recentes de me afastar de debates (e/ou similares) nesta seara. Tomei contato com trabalhos do Sr.Ernesto recentemente, através de uma indicação que foi feita a mim de um artigo dele de título "Eventos sem Causa".

http://wolfedler.blogspot.com.br/2009/12/eventos-sem-causa.html

 

Em especial, fui remetido a um blog onde se tenta extrair conclusões metafísicas bem extraordinárias (e eu diria mesmo, incríveis...) baseadas em tal artigo. Url abaixo:

http://obraspsicografadas.org/2012/provando-que-o-deus-kardecista-no-existe/

 

Posteriormente, dando uma garimpada preliminar, encontrei o texto sobre proselitismo ateísta (de mesmo nome).

http://wolfedler.blogspot.com.br/2010/08/proselitismo-ateista.html

 

Dizendo de modo bem direto, e bem resumido, encontrei graves problemas em ambos os textos citados acima... Atualmente (apenas para situar temporalmente: escrevo essas linhas no mês de agosto do ano de 2012), minha postura natural seria de "deixar para lá" tais trabalhos. Contudo os trabalhos de Ernesto possuem uma faceta além: eles possuem acentuadas virtudes, merecedoras de admiração, de respeito, e até mesmo de colaboração fraterna. Este é o diferencial que tornou possível (ou melhor dizendo, inescapável) meu engajamento nessa empreitada sobre a qual ora me debruço. Ernesto é um professor, de longa data. E é também um educador. E inclui em sua militância educacional - com todo direito e com muita virtude - o que poderíamos chamar de um proselitismo ateísta racional (inclusive quase científico. Quase...). Isso faz com que seus trabalhos nessa área sejam revestidos de uma importância peculiarmente especial. Outros pontos importantes serão eventualmente ressaltados por mim ao longo de minhas futuras linhas.

 

Por ora (e por hoje), afirmo apenas que estas reflexões que estou escrevendo agora no Orkut serão posteriormente postadas no meu site (www.criticandokardec.com.br), eventualmente acrescidas de aperfeiçoamentos/correções que eu julgar acertadas vindas tanto do próprio Ernesto (a quem já convidei para participar dessas reflexões) quanto de demais membros do fórum Céticos S.A..

 

Não há como este ser um trabalho apressado. Aliás, como tudo que fazemos em Educação, trata-se de um trabalho de semeadura; acompanhamento; e colheita. Isso demanda tempo. Demanda trabalho. Demanda dedicação. Demanda paciência. E acima de tudo atenção, e boa intenção. Para quem, por quaisquer limitações que a vida tenha lhe imposto, não tiver a dimensão do que isso significa, indico o link abaixo. Após assistir o videoclip, procure a letra e a tradução da música. E reflita, com a racionalidade do coração, sobre o que as linhas significam. Pois nosso trabalho será feito justamente nas... entrelinhas!

 

Um abraço fraterno para todos, em especial para o Sr. von Rueckert (pretendo chamá-lo de Ernesto. E que me chame de Júlio. Caso possua alguma objeção, é só me sinalizar ).

 

http://www.youtube.com/watch?v=-QL5-06A5ws

 

Julio Siqueira


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http://wolfedler.blogspot.com.br/2010/08/proselitismo-ateista.html

 

Proselitismo ateísta

 

Vamos então tentar iniciar uma olhada minuciosa nos caminhos do pensamento de Ernesto von Rückert quanto à questão do proselitismo ateísta. Os trechos de Ernesto que estarei comentando aparecerão em preto. Meus trechos aparecerão em outras cores.

 

Em minha atividade docente, envido todos os esforços para conscientizar a juventude sobre a improcedência da crença em Deus e em espíritos, bem como na total inutilidade das religiões estabelecidas.

 

Há momentos em que nos deparamos com coisas, ou com afirmações, que nos fazem sentir e pensar algo como: "Meu Deus, por quê eu resolvi entrar em empreitada tão espinhosa?". Eu mesmo até neste exato momento não havia tido a dimensão dos problemas implícitos nessa singela frase de Ernesto. Vejamos: Ernesto está dizendo que, em sua atividade docente, envida todos os esforços no sentido da anti-religião. Vamos refrasear esta sua afirmação de modo a mostrar o absurdo (e o ilícito) potencial implícito nela: "Em minha atividade docente, ou seja, enquanto dou aulas, inclusive em diversas instituições públicas, onde sou pago com o dinheiro público em um estado laico, envido todos os esforços, ou seja, dispendo uma considerável parcela de minha energia pedagógica, para... mostrar que Jeová é o único e verdadeiro Deus!". Agora vou apor a essa frase de Ernesto uma frase real, advinda da minha experiência pedagógica em diversas escolas públicas (9, em bairros diversos) no Ensino Fundamental do Município do Rio de Janeiro desde 1999, em contato com dezenas e mais dezenas de professores crentes e descrentes: Nunca conheci nenhum professor que, do meu conhecimento, envidasse qualquer esforço para defender qualquer religião em sua atividade docente, ou que as combatesse. A afirmação de Ernesto, do jeito que ela está colocada, beira as raias da prevaricação, ensejando potencialmente processo administrativo/criminal.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Prevarica%C3%A7%C3%A3o

Esperemos que na verdade o que Ernesto tenha querido dizer tenha sido algo significativamente diferente do que ele efetivamente disse...

 

No que concerne ao conteúdo informacional da singela frase, Ernesto expõe duas linhas de convencimento:

1- Conscientizar a juventude da improcedência da crença em Deus e em espíritos.

2- Conscientizar a juventude sobre a total inutilidade das religiões estabelecidas.

 

Iniciando pelo mais "fácil" de ser abordado, eu diria que o número 2 é uma afirmação no mínimo simplória. O que leva uma pessoa racional, empunhando o rótulo de pensador científico, a afirmar que uma determinada atividade humana (pior: diversas e diversas e diversas versões dessa atividade humana) consegue a proeza nada discreta de ser totalmente inútil? Confesso que tenho dificuldade de considerar que até mesmo o Nazismo da Segunda Grande Guerra tenha conseguido ser totalmente inútil...

 

O fato puro e simples é que as religiões organizadas, assim como tantas e tantas e tantas outras instituições humanas (eu diria mesmo: praticamente todas), possuem diversas utilidades e ações benéficas. Há de fato mazelas. E muitas. Por vezes mesmo hediondas. Mas negar o óbvio não é uma atitude científica. E nem racional.

 

Com relação ao número 1, novamente encontramos um problema recorrente nos pensamentos de Ernesto von Rückert (e que são absolutamente inaceitáveis em ciência). As totalizações e/ou generalizações indevidas. Argumentar contra a existência de um deus específico é uma coisa. Querer argumentar no atacado contra a existência de qualquer deus é outra completamente diferente. Há diversas concepções de deus que permanecem ainda hoje perfeitamente válidas. Por vezes tais concepções podem não apenas serem válidas, mas ainda por cima fortemente férteis intelectualmente. Um cientista que aceita falar desse modo tão generalizador como Ernesto reincidentemente faz está saindo solenemente do solo científico, e adentrando a pseudociência com todas as honras. E aí cabe a pergunta que eu sempre faço ao questionar tais atitudes de ateus/materialistas militantes: que diferença - e que vantagem - há entre isso e o praticado pelo ruim das religiões? Resposta: nenhuma diferença. E nenhuma vantagem... O que disse a respeito de deus se aplica ao problema dos espíritos também. Neste último caso há o agravante que Ernesto se permite falar sobre algo sem tentar se informar a respeito. Pior: que eu saiba (conforme me foi comunicado por email por um amigo), ele se nega a se informar.

 

Infelizmente, começamos com o pé esquerdo. Mas há diversos pontos positivos no texto de Ernesto, que ressaltarei nos momentos devidos.

 

Ressalva sobre o dito logo acima: 

Vitor Moura me esclareceu que na verdade Ernesto se pronunciou a respeito do tema no seu blog, link abaixo:

http://wolfedler.blogspot.com.br/2012/07/o-sr-esta-par-das-pesquisas-com-as.html

 

Eu tenho então que retirar o peso da minha expressão referente a ele quando eu disse que ele se recusou a ver as evidências. Mas, de certa maneira, ele chega bem perto disso... Posteriormente eu comentarei.

 

Abraços,

Julio


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Continuando em mais um passo da nossa solitária e estoica empreitada:

 

Posso até admitir que alguém creia em Deus no foro íntimo, mas instituir uma organização que dispute com outras similares a primazia de ser a detentora da verdade a respeito, além de promover uma sangria da economia pública para sustentar uma classe improdutiva e inútil, que são os sacerdotes e afins, isto eu considero um abuso.

 

Muitas religiões não se infiltram na estrutura do estado. Seria até interessante que Ernesto, como crítico sistemático das religiões, pudesse apresentar uma avaliação, digamos, de todas as religiões vigentes no nosso país (ou se não todas, pelo menos muitas - muitas mesmo! -, atingindo uma abrangência de fato bem extensa), e mostrando, para cada uma, o grau de imiscuimento com a estrutura estatal, bem como diversos outros parâmetros de interesse para o crítico sério. Parece que Ernesto está longe de atingir tal patamar de excelência em sua carreira de crítico às religiões. É uma pena, porque, pulando etapas, ele resolve passar precocemente para a fase seguinte: condenar as religiões a granel, independente delas incorrerem ou não nos desvios e vícios por ele assinalados. É claro que isso é uma injustiça, além de se tratar de uma postura não científica. Citarei posteriormente um exemplo bem concreto disso.

 

Para tal é preciso que todos os ateus se manifestem como tal às abertas e façam um trabalho de esclarecimento público, pela internet, escrevendo artigos em jornais, dando palestras, pugnando pela genuína laicidade do estado, participando de debates em aulas de religião nas escolas e tudo mais que for possível.

 

"Participando de debates em aulas de religião nas escolas"... Suspeito. Reconhecer a legitimidade de aulas de religião nas escolas públicas laicas parece ser a porta (ou a contrapartida inescapável...) para Ernesto defender a legitimidade dele defender o ateísmo na atuação docente dele próprio... Veremos mais sobre isso posteriormente.

 

Sou ateu porque é mais honesto, mais verdadeiro, mais coerente, mais responsável, mais racional, mais evidente, mais justo, mais simples, mais honrado, mais lúcido, mais inteligente, mais consciente, mais caridoso, mais comprometido com o prevalecimento do bem e a erradicação do mal, sem outorgar isto a nenhum hipotético preposto.

 

Repito o que já disse antes e que terei que dizer ainda algumas vezes: a fala de Ernesto causa espécie a um bom ouvinte com mentalidade verdadeiramente científica. Ernesto acima está fazendo uma comparação. Mas ele está comparando o quê com o quê? Ele está dizendo que é mais honesto, verdadeiro, coerente, responsável, racional, evidente, justo, simples, honrado, lúcido, inteligente, consciente, caridoso, e comprometido com o bem do que todas as religiões e todos os religiosos? É ele que é mais isso tudo do que todos os religiosos e todas as religiões? É o ateísmo que é mais isso tudo do que todas as religiões? É o ser ateu que é mais tudo isso do que o ser religioso?

 

Ou seja, o ateísmo de Ernesto parece apenas reproduzir o que as religiões (ou melhor: muitas delas em muitas situações) têm insistentemente nos oferecido: a velha ladainha do "Eu sou mais bonito do que você!". 

 

A militância ateísta de Richard Dawkins, Daniel Dennett, Sam Harris, Michel Onfray, Bart Ehrman, Christopher Hitchens, e outros não me parece, da modo algum, agressiva e mesquinha.

 

Longe disso. Vejamos por exemplo esse link abaixo, que já indiquei a Ernesto e que ele não incluiu no blog dele...

http://www.youtube.com/watch?v=WmHDiJHxEic

Neste vídeo, Dawkins diz que o homem com quem ele debate está tendo alucinações por afirmar sentir a presença de Deus. Afirmação agressiva, mesquinha e anti-científica. Não se trata de uma alucinação. Se trata apenas - caso Deus não exista, ou caso não seja de fato a presença de Deus que o dito cujo sinta - de uma identificação errônea de uma percepção verídica. É como a água que vemos na estrada em um dia ensolarado. A percepção é verídica. É a interpretação que não procede. Não se trata de água, e sim de efeito ótico que dá tal impressão. Como pode Dawkins, um homem que diz falar em nome da ciência, errar tanto? Aguardamos os comentários de Ernesto...

 

Pelo que já li desses autores (todos os livros do Dawkins, “Quebrando o Encanto” do Dennett, “Tratado de Ateololgia”, do Onfray, “A Morte da Fé” do Harris, "Deus não é Grande" do Hitchens, "O problema com Deus", do Ehrman) eles são muito mais educados e têm muito mais consideração pelos crentes do que reciprocamente os crentes em relação aos ateus.

 

Novamente generalizações
totalizadoras mal refletidas. Vejam: "do que os crentes em relação aos ateus". Cientistas precisam ser mais precisos, e acertados, em suas falas e descrições. Pior do que isso: pelo menos Dawkins, Hitchens, e Harris possuem gravíssimas falhas no quesito educação (eu diria mesmo no quesito moralidade e humanidade!) com relação aos crentes (sendo preciso: com relação à maioria dos crentes). Dawkins se utilizou de expressões chulas/ofensivas com relação a uma astrônoma inocente em seu discurso ao ele receber o título de Humanista do Ano! (seu artigo: "A Ciência é uma Religião?"). Incorreu ainda em covarde ataque a granel contra todos os crentes do mundo logo após o 11 de setembro, em seu artigo "Os Mísseis Desgovernados da Religião". Apoiou indiretamente o racismo contra negros devido à maneira como ele defendeu o também ateu James Watson (Watson é ateu e racista; coisas de ateu...). E por aí vai. Com relação a Hitchens e Harris eu não possuo um registro documentado; mas lembro de já tê-los visto (ou de tomar conhecimento sobre) proferirem afirmações nada recomendáveis. Harris especificamente tenta se defender no link abaixo:

http://www.samharris.org/site/full_text/response-to-controversy2/

Para mim, a emenda ficou pior do que o soneto. Comentarei mais sobre isso posteriormente. Hitchens é citado por alguns como sendo pior que Harris (no link acima mesmo). São esses os companheiros de Ernesto? Daniel Dennett parece ser bem melhor. Bem melhor mesmo. Ernesto parece, de fato, bastante similar a Dennett. Bom pra ele. Bom pra nós!

 

Esta é uma postura que precisa mesmo ser posta em prática, pois está mais do que cabalmente demonstrado como as crenças, e sua pior manifestação, as religiões organizadas, são nefastas à humanidade.

 

Está na hora de cobrarmos que os cientistas (Ernesto) se comportem de fato como cientistas: "cabalmente demonstrado" como? Onde?  Onde estão as pesquisas? Onde estão os números? Os estudos são confiáveis? Responder a tais perguntas sim é fazer e divulgar ciência. O resto é reedição de religião de baixo nível.

 

É certo que muita coisa boa se fez em nome de crenças e religiões, mormente no quesito filantropia, mas nada que não pudesse ser feito sem o envolvimento das crenças e religiões.

 

Nada que não pudesse ser feito sem o envolvimento de crenças... Esse é um ponto falho recorrente de Ernesto que comentarei mais plenamente posteriormente.

 

Abraço para todos por ora,

 

Julio Siqueira

www.criticandokardec.com.br


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ABAIXO, JÁ INICIO POSTAGENS NOVAS, POSTERIORES DAS INICIADAS NO FÓRUM DA COMUNIDADE CÉTICOS S.A..

 

Veja-se, por exemplo, os “Médicos sem Fronteiras”.

 

Muitos médicos que participam do "Médicos sem Fronteiras" podem estar sendo movidos por sentimentos religiosos em graus variáveis. Não que eu ache que sim. Apenas acho improcedente a afirmação de Ernesto do jeito em que ela está sendo colocada.

 

Também preciso esclarecer que o Deus a que me refiro pode abranger conceitos variados, tendo em comum o fato de ser uma entidade com poder para agir sobre o Universo à revelia de suas leis naturais (um mágico, na acepção verdadeira), não precisando ser justo nem bom, nem único. Mas, além de onipotente, deve ser onisciente, autosuficiente (incausado) e eterno. Sem esses predicados não seria denominado “Deus”. Não precisa também ser uma “pessoa” (ou três).

 

O trecho acima é bastante difícil de ser comentado. Dizendo de um modo bem direto, há graves (e diversas) falhas conceituais no exposto por Ernesto acima. Tais falhas - provavelmente não coincidentemente... - são encontradas amiúde nos trabalhos de diversos outros proselitistas ateístas, como por exemplo o físico estados-unidense Victor Stenger. Um item por exemplo: define-se deus (ou Deus, como preferem os ateus...) como sendo alguém ou algo que age no Universo à revelia das leis naturais. O problema nisso é que na verdade se deuses existirem eles fazem parte da ordem natural das coisas. Eles nada mais são do que leis naturais também (leis naturais e eventos/entidades naturais). Essa dicotomização onde temos, de um lado, o mantra A Natureza é Natural e onde temos, do outro lado, o mantra oposto Deus ou Deuses são Necessariamente Não Naturais é artificial, pseudocientífica, e ideologicamente carregada. Há também graves falhas no que parecem ser as ideias de Ernesto sujacentes aos conceitos de magia (e da impossibilidade da magia...), onipotência, onisciência, e incausabilidade... (sem falar de eterno).

 

Abraços por ora,

Julio Siqueira


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O ateísmo cético não se configura, de forma alguma, em uma religião, e sim, em ausencia de qualquer religião, conforme o que normalmente se entende por religião, isto é, um complexo envolvendo uma crença, um corpo doutrinário, uma assembléia de seguidores, uma organização administrativa e hierárquica, um conjunto de edificações para sediar suas atividades, um ritual de procedimentos laudatórios e propiciatórios e mais outros aspectos de menor importância. Nem o ateísmo dogmatico e, certamente, o agnosticismo, são religiões, mesmo que se constate alguma atividade de proselitismo por parte de seus seguidores. Tampouco chamá-los-ia de "crenças", mas sim de "convicções", que são opiniões embasadas em fortes indícios de plausibilidade de suas veracidade.

 

Esse trecho acima até me faz lembrar de Allan Kardec explicando porque o espiritismo não é uma religião... Infelizmente as atividades humanas possuem semelhanças viscerais entre si, especialmente nos defeitos ao que parece. O ateísmo tem manifestado nos últimos decênios muitos dos vícios das religiões: intolerância, irracionalismo, espírito vingativo, mentira, acobertamento de postura criminosa de seus membros (e acobertamentos de diversos outros tipos). O "Novo Ateísmo" em especial (movimento ateu que, a meu ver, surgiu principalmente para faturar dinheiro em cima dos acontecimentos envolvendo os atentados de 11 de setembro de 2001) possui uma postura criminosa com relação à humanidade (exemplos específicos de perpetradores: Victor Stenger, Richard Dawkins, Sam Harris, etc). A impressão que dá é que é só deixar o ser humano se organizar e ele (independente de se for ateu, à toa, crente, anarquista, etc) vai acabar sendo... humano. (Inclusive, ou talvez principalmente, nos defeitos).

 

Concordo em que não se possa zombar da sinceridade da fé de quem a possua e nem afirmar que tal fato seja sinal de ignorância ou burrice. Jamais me posicionei desta forma.

 

É necessário que eu sinalize que somente encontrei em proselitistas ateus militantes uma postura tão (a meu ver) consciente e respeitosa para com as posições potencialmente opostas em um ateu/cético específico: Daniel Dennett. Como eu já havia dito, em muitos pontos Ernesto me lembra a postura de Dennett. Considero isso altamente benéfico e construtivo.

 

Ora, toda conclusão induzida não é garantida e pode ser derrubada por um único contra-exemplo. Existem miríades de eventos que não são efeitos de causa alguma no domínio microscópico, como o decaimento radioativo e a emissão de fótons por átomos excitados (a excitação é condição e não causa). Logo, não sendo verdadeira a premissa maior, não é verdadeira a conclusão. A premissa menor também não é verdadeira, pois o fato de ser contingente (poder não existir), não impede o Universo de ser eterno para o passado, contrariando o argumento Kalam, que diz que isto seria impossível, pois não teria havido tempo para se vir do início da eternidade até hoje, e hoje está aquí. Ora, um tempo infinito para o passado não significa um início infinitamente afastado e sim a ausência de um início.

 

Não escolhi comentar esse trecho acima devido a questões de proselitismo ateísta. Na verdade ele caberia mais ser comentado juntamente com o artigo de Ernesto sobre eventos sem causa. No link abaixo:

http://wolfedler.blogspot.com.br/2009/12/eventos-sem-causa.html

Em muitos pontos Ernesto enfatiza essa característica da conclusão induzida. Na verdade ela se aplica (de maneiras mais ou menos similares) aos demais "tipos" de conclusão também. Então, a meu ver, não há sentido em chamar a atenção para o problema específico da conclusão induzida. As deduções e as teorias estabelecidas padecem de mazelas similares e até piores. Poucos são os "eventos intelectuais humanos" que conseguem escapar ilesos à possibilidade do erro... (Na verdade, creio que só há um tipo). A afirmação de que haja eventos sem causa (ou, alternativamente, de que haja eventos com causa...) me parece uma afirmação metafísica temerária e ideologiamente motivada. Na verdade, considero a noção de causalidade, bem como sua antítese, a noção da acausalidade, como o grande mito (ou história da carochinha, se preferirem) aninhado no cerne mais imaturo e carente do pensamento científico e da atividade científica. E quanto a Kalam, confesso que minha mente se apequena diante da infinitude dessas considerações...

 

Que se cultive o pensamento filosófico crítico e um saudável ceticismo, como método seguro de abordagem da verdade, abstendo-se de todo e qualquer dogmatismo, inclusive ateísta.

 

Incluí esse trecho acima para comentar justamente para poder expor de modo claro essa faceta da abordagem de Ernesto, que me parece, como já disse, benéfica e construtiva.

 

O grupo da Gnose de Princeton e a New Age, bem como Amit Goswami, Fritjof Capra, David Bohm, Eugene Wigner, Deepak Chopra, Carl Jung, Rhonda Byrne, Elaine Pagels e mesmo Einstein, Penrose, Schopenhauer e Spinoza, em suas considerações panteístas sobre a existência de uma consciência cósmica, que se manifestaria diretamente a cada mente por gnose, que promoveria uma coordenação inteligente da evolução tanto cósmica quanto biológica e que possibilitaria o entendimento das perplexidades interpretativas da Mecânica Quântica, na verdade fazem uma proposta gratuita, com base em convicções pessoais não verificadas e nem verificáveis, mais ou menos como a cosmovisão espírita de Allan Kardec.

 

Para problemas na cosmovisão espírita de Allan Kardec, recomendo os links abaixo:

http://www.criticandokardec.com.br/kardec1.htm

http://www.criticandokardec.com.br/kardec2.htm

 

Já quanto a totalidade maior do parágrafo, ressalto a recorrência de generalizações potencialmente indevidas e mal delimitadas. Inclusive, do jeito que o parágrafo está escrito, qualquer leitor mediano poderia incluir Schopenhauer e Spinoza na lista dos que se debruçam sobre as "perplexidades interpretativas da Mecânica Quântica"...!!! É altamente temerário querer atirar todos esses pensadores no mesmo balaio de gatos. Se de fato todos eles possuem em comum algum tipo de cerne de pensamento panteísta, muito provavelmente cada um chegou a esse ponto por vias relativamente diferentes, e com valores e fraquezas igualmente diferentes. Ernesto acusa que eles todos "na verdade fazem uma proposta gratuita, com base em convicções pessoais não verificadas e nem verificáveis". Afirmação a meu ver simplória. Por exemplo, eu apostaria que Elaine Pagels se situaria bem em uma posição merecedora desta crítica de Ernesto. Com relação a Einstein, ou Bohm, eu apostaria que eles não são merecedores de tal crítica. Já quanto a Penrose, eu sei que ele não é merecedor de tal crítica. Na verdade, a questão do panteísmo é um tema que retorna de tempos em tempos entre a intelectualidade humana. Eu mesmo me debrucei sobre tal tema imensamente, e talvez o local onde eu exponha meu argumento mais amadurecido a favor do panteísmo seja no texto do link abaixo (recomendo humildemente a Ernesto):

http://www.criticandokardec.com.br/essay_on_conscious_water.htm

 

É certo que crentes estatisticamente são mais felizes e longevos.

 

Por mais lisongeira que a afirmação acima possa me parecer, ainda assim preciso cobrar: que artigos científicos afirmam isso? Qual a confiabilidade das metodologias? Etc. Pessoalmente duvido muito dessa afirmação, e tendo a achar que ela é inválida.

 

Por hoje infelizmente fico por aqui. Comentários que sejam feitos no fórum Céticos S.A. serão respondidos por mim também, eventualmente. Alguns comentários foram já feitos, no link abaixo:

http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=26688928&tid=5777896632910996430&na=2&npn=2&nid=

 

Abraços,

Julio Siqueira

www.criticandokardec.com.br


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Hoje vou terminar os comentários sobre pontos selecionados do texto de Ernesto. Tentarei ainda hoje incluir, posteriormente, meus Comentários Finais. Se não conseguir incluí-los hoje, colocarei tais Comentários Finais amanhã. Neles abordarei algumas facetas mais humanas, e menos técnicas, do texto de Ernesto (ou implícitas ao texto).

 

Começando então:

 

O fato de não se ter, por enquanto, uma explicação evolutiva cabal e pormenorizada para as complexidades biológicas e mesmo para outras ocorrências nem tão complexas, não significa, absolutamente, que esta explicação seja dada pela interveniência de uma inteligência supranatural planejadora e executora da evolução.

 

Minha posição sobre o Design Inteligente (de Michael Behe e William Dembski) pode ser vista no link abaixo:

http://www.criticandokardec.com.br/design_inteligente.htm

Basicamente considero a "teoria" do Design Inteligente completamente furada. Ainda assim ressalto dois pontos potencialmente problemáticos que Ernesto deixou escapar acima: 1- O problema das explicações em si (comentarei posteriormente, em minhas Considerações Finais). 2- O problema, da não percepção por nossa parte de que um dado fenômeno na verdade nem foi ainda de fato explicado, apesar de muitos considerarem que sim. Isso se dá especialmente com a consciência (experiência subjetiva; fenômeno descrito pelo filósofo David Chalmers como o Problema Difícil - Hard Problem). Mas isso também afeta, potencialmente, muito do que consideramos cotidianamente como questões já resolvidas.

 

A aceitação do acaso para dar conta de tais fatos não precisa ser comprovada, pois é a hipótese nula, isto é, a que se considera como verdadeira, a não ser que se prove que não seja, mostrando-se outra que o seja.

 

Acho que Ernesto aqui mistura estações; e acumula - sem se dar conta - problemas em cima de problemas... Primeiro, ele manifesta a crença metafísica na existência do acaso (explicando minhas objeções: 1- será que o acaso existe de fato? 2- Será que o acaso pode existir sequer conceitualmente?). Segundo, ele manifesta a  crença científica de que o acaso seja subjacente à dinâmica da realidade física do nosso Universo (explicando: mesmo que o acaso possa em princípio existir, e mesmo que ele exista de fato no mundo real, será que o acaso é de fato subjacente à dinâmica dos processos físicos? Será que, ao invés do acaso, não teríamos um determinismo, como diversas interpretações respeitáveis - e respeitadas! - da mecânica quântica postulam haver?). Terceiro, ele aborda o problema do "ônus da prova" de modo um pouco distorcido: toda afirmação traz junto a si um ônus de prova associado. Se o acaso não precisa ser comprovado é porque ele já o foi. Itens que sejam comprovados (apesar das diversas precariedades inerentes ao conceito de prova em ciência...) passam de fato a integrar o que podemos chamar de hipótese nula. Contudo, se há uma disputa (como quando Michael Behe afirmou que o neo darwinismo não explicaria o aparecimento das características complexas - ou mais precisamente: das características Irredutivelmente Complexas/Dotadas de Complexidade Irredutível), é porque alguns grupos consideram que a comprovação não foi adequada. Ou seja, quando um cientista (Ernesto, no caso) recorre a uma afirmação como esta mais acima (ele disse: "a aceitação do acaso para dar conta de tais fatos não precisa ser comprovada, pois é a hipótese nula, isto é, a que se considera como verdadeira"), isso parece mais uma afirmação política (talvez mesmo dogmático/religiosa) do que científica. Isso poderia ser apenas um detalhe, ou uma nuance emocional sem efeitos práticos negativos. Contudo, isso na verdade exacerba os problemas inerentes à prova em ciência, que foi o que eu aludi quando eu disse logo acima: "apesar das diversas precariedades inerentes ao conceito de prova em ciência...". A ciência real possui um lado dogmático-conservador. Isso é, em grande medida, um "mal necessário". Porém, quaisquer coisas que exacerbem tal lado aumentam o risco de que tal conservadorismo se mova para um patamar de "mal desnecessário e contrário aos próprios interesses da ciência". Isso acontece amiúde nos embates entre cientistas "céticos" vs cientistas da parapsicologia. E os cientistas "céticos" acabam se comportando como verdadeiros clérigos...

 

É preciso entender que o acaso é capaz de qualquer coisa.

 

[E eu que achava que era a Fé que era capaz de qualquer coisa...]. Não. Não é preciso entender isso. Muito pelo contrário. É preciso explicar isso. Como assim o acaso é capaz de qualquer coisa? Quer dizer que um único evento de decaimento radioativo pode...dar origem a uma entidade divina? (ou alternativamente: fazer aparecer um boing 747 na minha rua; fazer com que o planeta Júpiter fique do tamanho de uma ervilha; etc...).

 

Não nego que as religiões trouxeram contribuições positivas para a humanidade em vários aspectos, como no espírito de solidariedade (bom-samaritanismo), não só cristão mas muçulmano, budista, hinduísta, judaico, espírita, xintoísta etc. Outra coisa é o estabelecimento de um padrão de ética (os dez mandamentos). No entanto, tudo de bom que se pode imputar às religiões, não depende de suas doutrinas éticas, metafísicas e cosmológicas e poderia igualmente ser feito sem que elas existissem.

 

Reincidência de um grave problema já citado anteriormente por mim. Comentarei em minhas Considerações Finais.

 

É preciso que se entenda, contudo, que a esperança, assim como a fé, não são virtudes, como a caridade. Pelo contrário, são vícios. E esperança é a convicção de que, de alguma forma, por um passe de mágica, sem que se tome a iniciativa de envidar esforços para tal, os problemas serão solucionados.

 

Acho estranha essa campanha de Ernesto contra a esperança. Em primeiro lugar, não considero quaisquer dessas coisas ou como vícios ou como virtudes. Acho na verdade que elas todas possuem facetas virtuosas e facetas viciosas, e que cada pessoa varia no modo como manifesta tais características. A esperança para mim é mais um sinônimo de otimismo, solidário com o trabalho em prol do objetivo almejado.

 

Sou declaradamente ateu e procuro, por todos os meios, convencer as pessoas a se tornarem ateístas também, inclusive em minha atividade docente.

 

Inclusive na atividade docente...

 

E, neste aspecto, o fisicalismo (antes denominado materialismo) é a visão primordial da Física, isto é, considerar que tudo na natureza é inteiramente natural, ou seja, sobrenatural não existe.

 

Aqui temos um jogo de palavras cruel e enganador, frequentemente usado pelos que querem negar a existência de deus (ou de Deus, como costumam dizer/escrever os ateus...), de espíritos, e de poderes como telepatia, telecinese, e clarividência. O negócio rola assim: Primeiro, deixamos bem claro que deus, espíritos, e poderes paranomais são sobrenaturais. Que isso fique bem claro. Esses poderes e entidades são todos sobrenaturais. Ok? Ficou bem entendido? É claro que são sobrenaturais. Qualquer dicionário vai ajudar nisso, né? Bem, aí vem o segundo passo: Segundo, definimos natural como sendo tudo o que a física estuda, e tudo o que ela encontra (e tudo o que ela pode vir a encontrar) em suas investigações sobre o Universo. Terceiro, a conclusão fatal: jamais a física vai comprovar a existência de deus ou de espíritos porque eles são sobrenaturais. Lembram, nós deixamos bem claro. Eles são sobrenaturais. E a física diz que tudo o que existe é natural. Então deus, por ser sobrenatural, não existe. Ponto. [Lembra até aquela música onde Deus reclama: Fui eu quem criou a Terra, enchi o rio fiz a serra, não deixei nada faltar; hoje o homem criou asa, e na maioria das casas eu também não posso entrar...].

 

A afirmação verdadeiramente científica é a seguinte: deus e espíritos, se existirem, são naturais. E ponto final. (ponto final por ora; o passo seguinte é que aqueles que acreditam que exista deus ou deuses que provem que eles existem, e demonstrem como e quando eles interagem com o Universo; idem para espíritos. Estamos todos aguardando).

 

Isto eu passo aos alunos sim e acho que é meu dever fazê-lo, justamente para abrir suas cabeças para a obliteração que as crenças religiosas fazem a seu pensamento, com a ilusão da existência de Deus. Não especificamente o cristianismo, nem o judaísmo, nem o islamismo, nem o hinduísmo, nem o espiritismo. Todas!

 

Todas! Esse é o problema! Ernesto não percebe e não demonstra a diferença de visão entre as diversas religiões, e as diferentes maneiras que diferentes pessoas (ou diferentes subgrupos) veem e praticam uma mesma religião. Resumindo: Ernesto não olha as religiões com um olhar de cientista, e sim com um olhar de crente!

 

Da mesma forma que acho que os religiosos têm todo o direito de expor seu ponto de vista de forma argumentativa, como o faço. Que os alunos decidam. Isto faz parte da saudável posição laica da educação, tanto pública quanto privada. Educação laica não significa não expor os alunos às propostas das religiões, tanto quanto às propostas das ideologias políticas, mas sim não se alinhar institucionalmente com nenhuma. Tenho muitos colegas teístas, até entre professores de biologia que não aceitam a teoria da evolução, que defendem o “projeto inteligente” e dizem isto a seus alunos. Está certo. O que não se pode é fechar questão.

 

Vejam: "educação laica não significa não expor os alunos às propostas das religiões, tanto quanto às propostas das ideologias políticas, mas sim não se alinhar institucionalmente com nenhuma.".

 

Não é bem assim. Vejamos o que diz a lei federal que versa sobre o assunto,  LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional):

 

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm

Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.

§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores.

§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso.

 

Ou seja, o ensino religioso (ou anti-religioso, no caso dos proselitismos docentes de Ernesto - Eu ainda acho mais apropriado dizer ensino religioso ateísta) é de matrícula facultativa. Ora, se um Testemunha de Jeová resolve fazer seu proselitismo entremeando as equações da física, ele não está dando ao seu alunado o direito à facultatividade. Idem para o ateu em questão... Note ainda que a lei veda qualquer forma de proselitismo... (os ateus talvez se considerem acima, ou à margem, das leis). Ao Ernesto comparar a laicidade com a política, vale lembrar que o estado é laico, mas não é apolítico. O estado é político! Com relação a professores de biologia que defendam o "Projeto Inteligente", apenas posso dizer que, graças a DEUS, não conheço nenhum que o faça. Se conhecesse, eu perguntaria ao colega em que artigo científico de respeito ele estaria se baseando. A resposta eu já sei qual seria: nenhum! Então, infelizmente,  não posso concordar com Ernesto quando se refere a isso dizendo "Está certo!". Com todo o respeito e com toda a humidade, não está certo não. Tá errado. Isso é tão ciência quanto dizer que é o Sol que gira em torno da Terra.


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Os comentários finais ficaram um pouco extensos (cinco páginas do word). Mas acho que é necessário. Iniciando então a postagem:

 

Comentários Finais Sobre o Artigo Proselitismo Ateísta.

http://wolfedler.blogspot.com.br/2010/08/proselitismo-ateista.html

 

Nestes trechos finais, incluí alguns itens que gostaria de destacar de modo especial.

1- O proselitismo, de qualquer linha religiosa ou não-religiosa, dentro de salas de aula: como eu disse ao começar a escrever essa análise do artigo de Ernesto, eu não havia atinado, até aquele exato momento, as implicações da frase de abertura do artigo de Ernesto. De fato me deparei com uma afirmação de implicações éticas deveras delicadas. Muitas vezes nós, durante décadas, atuamos de modo inadequado sem mesmo nos apercebermos do que estamos fazendo. Podemos estar lesando alguma lei, ou algum direito, ou alguns preceitos éticos importantes, sem mesmo nos darmos conta disso. O importante é estarmos abertos para um "ajustamento de conduta", quando e se necessário. Não tenho a menor ideia se a atuação de Ernesto demanda um ajustamento de conduta. Na verdade, prefiro nem ter. Prefiro deixar para ele mesmo uma reflexão sobre se o que ele está fazendo - do modo que ele está fazendo (modo esse que eu não sei qual é) - precisa de um ajuste ou não. Apenas afirmo minha posição com relação à situação em geral, tanto quanto ao proselitismo ateísta quanto a quaisquer outros proselitismo em sala de aula, em especial em instituições públicas. Eu não vejo com bons olhos aulas de religião na escola. Não acho adequado. E ainda que se siga o delineado na LDB, há que se respeitar o caráter facultativo do ensino religioso, e o viés não proselitista. O que se aplica à religião se aplica também à não-religião, ou ao ateísmo.

 

2- O proselitismo ateísta em si: sou muito contra o proselitismo de um modo geral. Para se ter uma ideia, eu sou uma pessoa imbuída de um fervor crente relativamente intenso (do tipo "espiritoide", alguém poderia mesmo dizer...), e que era muito mais intenso ainda no passado. E apesar disso eu fiquei sabendo, quando minha filha tinha 11 anos de idade (no ano 2.000), que ela era... agnóstica!!! E minha reação foi dar boas vindas à variação ideológica dentro no seio do meu lar. Mas reconheço que o proselitismo é um direito, e que traz benefícios em muitas situações.

 

2.1- O ateísmo como sendo mais honesto, mais verdadeiro, mais coerente, mais responsável, mais racional, mais evidente, mais justo, mais simples, mais honrado, mais lúcido, mais inteligente, mais consciente, mais caridoso, mais comprometido com o prevalecimento do bem e a erradicação do mal, sem outorgar isto a nenhum hipotético preposto...: minha visão a respeito dos ateus, desde que conheci o primeiro, eu então nos meus 15 anos de idade (um amigo um pouco mais velho que eu), é de que em média os ateus são melhores, em termos morais e como cidadãos, do que a média dos crentes. Isso é uma impressão subjetiva minha (pode ser uma impressão correta ou não). O que eu me deparo na internet é o contrário! Em fóruns diversos e vindo dos profetas do Novo Ateísmo, o que eu reparo é um nível moral inferior à média das pessoas comuns. Ainda considero que isso seja uma aberração internética. Mas vejo com sérias reservas essa afirmação feita por Ernesto (esta série de qualificativos aposta na testa do ateísmo por Ernesto, citada por mim no início deste parágrafo). Fica aquele tom "Sou Melhor do que os Outros", que se por um lado é verdade, por outro lado também nem sempre é; então a afirmação pura e simples "Sou Melhor" (ou "O Ateísmo é Melhor") soa como irrefletidamente imatura, ou mesmo desonesta em seu âmago. Lembremos inclusive que pode até ser verdade que o ateu não faça o bem para agradar a Deus. Contudo isso não quer dizer que ele faça o bem pelo bem (nas palavras de Ernesto: "sem outorgar isto a nenhum hipotético preposto"). É inclusive saudável nos questionarmos sempre se existe de fato bondade e nos questionarmos também sobre o que de fato nos move nas nossas ações.

 

Um ponto a ressaltar no "ateísmo mais honesto que a crença": enquanto o ateísmo de Ernesto exerce o proselitismo em instituições educacionais públicas (aparentemente à revelia do direito ao caráter facultativo que tal atuação deve ter), a religião espírita instituída carioca rejeitou a oferta da Prefeitura de vagas para professores de religião espírita nas escolas municipais de ensino fundamental. Os espíritas não consideram correto ocuparem tal espaço. Isso porque eles são menos honestos, menos verdadeiros, menos coerentes, menos responsáveis, menos racionais, menos evidentes, menos justos, menos simples, menos honrados, menos lúcidos, menos inteligentes, menos conscientes, e menos caridosos do que o ateísmo...

 

3- As "totalizações" e generalizações extremas: em um debate com James Randi, o pesquisador Gary Schwarz (que tenta fazer pesquisas científicas laboratoriais com médiuns) afirmou que o verdeiro cientista quase sempre faz afirmações utilizando-se de probabilidades, e quase nunca de totalidades. Um antigo professor meu de gramática da língua inglesa apresentou essa mesma ideia anos antes com a seguinte frase: "Nunca e Sempre são duas palavras que nós sempre devemos lembrar de nunca dizer". Ernesto se utiliza muito de afirmações totalizadoras ("total inutilidade das religiões"; etc). Considero isso temerário.

 

4- Tudo que as religiões trazem de bom poderia vir igualmente sem elas: em termos antropológicos e sociológicos, considero essa afirmação amadora e improcedente. As religiões instituídas canalizam (e até potencializam) alguns sentimentos fortes que existem nos indivíduos, e transformam isso em ações que dificilmente se dariam sem a existência de tais instituições. Muitas e muitas instituições humanas têm esse mesmo feitio. Isso não é defeito nem qualidade. Isso é uma característica. Isso também acontece com as instituições (formais ou informais) ateístas. E junto com a organização dos grupos humanos e subsequente canalização de energias individuais acontece  um aumento do poder de tais instituições. A consequência quase inevitável é a corrupção, em maior ou menor grau. Os ateus não estão isentos de tais tentações e vícios... Basta olharmos as tentativas de "criação de estados ateus", como a Rússia soviética. Aliás, os ateus e o ateísmo (para me usar da retórica simplória de tantos proselitistas ateus, Ernesto inclusive...) conseguiram em sua breve história de contato com o poder um nada modesto histórico de devastações sociais: Stalin, Mao Tse Tung, Pol Pot, etc, etc, etc.

 

5- O problema da existência de deus e de espíritos: foi feita uma pergunta a Ernesto sobre a questão dos espíritos, que ele reproduziu no link abaixo:

http://wolfedler.blogspot.com.br/2012/07/o-sr-esta-par-das-pesquisas-com-as.html

 

Transcrevo abaixo:

 

Pergunta: O sr. está a par das pesquisas com as médiuns Leonora Piper e Gladys Osborne Leonard? E as pesquisas de Ian Stevenson, Jim Tucker, Antonia Mills, Erlendur Haraldsson (etc.) sobre reencarnação? Elas fornecem fortes evidências para existência de espíritos.

 

Resposta: Não estou a par. Posso examinar. Mas antecipo que sou extremamente cético a respeito. Só vou aceitar que espíritos existam mediante comprovações incontestáveis realizadas com todo um aparato de controle para que sejam evitadas fraudes e por meio de diferentes abordagens que possam confirmar os resultados de modo cruzado. Caso contrário prefiro considerar que a existência de espíritos seja uma invenção cômoda para explicar uma série de eventos ainda não explicados de uma forma natural. Minha convicção de que o mundo seja apenas físico é muito grande. Mas estou disposto a mudar, sem dúvida. Só que tenho que ser convencido por argumentos muito sólidos e por evidências presenciadas diretamente por mim.

 

A exigência de que as evidências sejam presenciadas diretamente por ele é um pouco estranha. Ela é algo que foge ao normal da ciência. Afinal, a quase totalidade do conhecimento científico é aceita por Ernesto (e por todos os demais cientistas) sem que ele tenha que presenciar a prova experimental. Mas, a rigor, não se trata de uma demanda improcedente. Como eu mesmo não posso fornecer a Ernesto provas que nem mesmo eu vi... então me limitarei a algumas considerações básicas.

 

Espíritos e deus são possibilidades. Considero fundamental que um crítico de um determinado assunto (no caso Ernesto criticando a teoria "Deus Existe" e a teoria "Espíritos Existem") conheça a fundo tal assunto, em especial se ele trilha o caminho delicado do proselitismo. Com todo o respeito e com todo o espírito de crítica construtiva da minha parte, não posso deixar de dizer que Ernesto não parece conhecer bem o assunto que critica. Não tenho dúvida que ele possui conhecimentos científicos vastos e altamente benéficos para tantos quantos  ouvem suas falas e leem seus escritos. Contudo creio que tais conhecimentos o tem iludido em achar que conhece o suficiente para criticar assuntos como deus e espíritos.

 

O problema com a questão espíritos especificamente é que, de fato, é deveras estranho que coisas assim possam existir. O fato, contudo, é que existem sim evidências que indicam a existência desse tipo de entidades, ou melhor dizendo: existe uma quantidade considerável de evidências que indicam a realidade do fenômeno Sobrevivência Pós Morte. Eu diria mesmo que todas as condições impostas por Ernesto são satisfeitas pelas evidências. Todas menos uma condição: a de que as evidências sejam presenciadas diretamente por ele. Mas alguns fenômenos são menos rotineiros do que outros. Isso é da Ciência. Isso é da Natureza. Houve uma época (talvez ainda hoje seja assim, não sei ao certo) que era um pouco difícil presenciar diretamente a ocorrência de neutrinos... E imagino que isso não tenha sido impecilho a que Ernesto aceitasse tais estranhas entidades (capazes de atravessar mais de vinte anos luz de chumbo sólido; duvido que algum espírito seja capaz de tal etérea façanha... :-) ). Muitos dos fenômenos que embasam a ideia da existência de espíritos são bem mais acessíveis do que os experimentos que detectam neutrinos; mas ainda assim tem que procurar; tem que ralar. Não dá pra ficar sentado no gabinete dizendo "Não existe", "Não existe", "Não existe"; "É crença improcedente", "É crença improcedente", "É crença improcedente". Comodidade, ou preguiça, não é ciência. Ciência é fazermos afirmações compatíveis com nossa base de dados. Foi o que eu disse a um ateu em 2005 em um fórum cético, que me pressionava a afirmar que espíritos não existiam, já que eu tinha feito um estudo tão devastador a respeito (ou contra) o espiritismo kardecista. Especificamente os estudos dos dois links abaixo:

http://www.criticandokardec.com.br/kardec1.htm

http://www.criticandokardec.com.br/kardec2.htm

 

O que eu respondi ao afoito ateu foi que eu não podia fazer afirmações além do que minha base de dados autorizava. E olha que eu ralei horrores para produzir tais trabalhos! Os trabalhos que foram sugeridos a Ernesto por Vitor Moura são bastante clássicos na área. Possuem uma solidez impressionante (imperfeitos, sem dúvida). Mas eles não tem nada de fáceis de serem analisados. Eles demandam um olhar muito apurado, e muito tempo de estudo; tanto para perceber a solidez quanto para perceber as fraquezas... Eu me debrucei com mais afinco, durante alguns anos, sobre os trabalhos de Ian Stevenson e colaboradores, em estudos de casos sugestivos de reencarnação. Impressionantes. Muitos aspectos sólidos. Falhas também. Um livro que eu sugeriria para Ernesto introdutório para toda essa questão é o Immortal Remains, de Stephen Braude. Sugiro também que ele leia minha resenha deste livro.

http://www.criticandokardec.com.br/amazon_reviews.htm#braude

 

A questão de deus possui nuances diferentes. Ela se restringe mais à pergunta "Qual o tamanho de deus que te satisfaz?". De deuses, o Universo está cheio. Basta olhar em seu próprio espelho, e o ateu encontrará um. Alguns deuses já foram refutados (já se comprovou que eles não existem), como o Zeus visível e sempre presente no topo do Monte Olimpo. Outros são logicamente impossíveis, como o deus onipotente de qualquer religião (pelo menos eu considero a onipotência uma característica logicamente auto-refutadora, ou seja, tão impossível quanto um triângulo de quatro lados). As chances de haverem super-civilizações intergaláticas dotadas de poderes divinos é simplesmente altíssima. Imaginem, por exemplo, nosso avanço tecnológico em daqui a um bilhão de anos. Ora, é bem possível que diversas civilizações já tenham alcançado tal estágio. Não há dúvidas (pelo menos para mim) que tais civilizações podem fazer coisas mil vezes mais arrojadas do que qualquer um de nós atualmente possa imputar a um deus (pra começar, transformar água em vinho para o café da manhã; e na hora da Santa Ceia, criar Universos inteiros não em seis dias, mas em seis segundos; além de infindáveis coisas que não posso sequer imaginar). Se isso não te satisfaz como deus, então seu problema não será resolvido na Ciência ou no ateísmo; seu problema só será resolvido na psicanálise! É lógico que, mesmo nós encontrando tais super entidades, nada nos impede de tratá-las com total desprezo. Até porque, se por um acaso, elas tiverem sido as criadoras do nosso Universo, elas são culpadas de fato por nossas dores também (dentre mil outras considerações).

 

Um outro ponto interessante ao sondarmos o potencialmente divino é a questão do livre arbítrio. Caso exista livre arbítrio (o que eu creio não existir...), então muitas estruturas do mundo poderiam exercê-lo senão de modo divino pelo menos de modo super. Talvez mega agrupamentos estelares o façam ao longo de incontáveis milhões de anos, em uma lentidão exasperadora (seria um deus do tipo bicho-preguiça). Talvez o mesmo se dê com o conjunto total de microorganismos terrestres; as bactérias já foram chamadas por alguns pesquisadores de Organismo Global. Richard Dawkins há alguns anos apresentou o conceito dos memes: ideias seriam como genes, como os genes egoístas, na verdade colocando os organismos para atuarem em seu favor. Ora, se ideias são como genes, ideologias (que são um conjunto orquestrado de ideias normalmente com uma finalidade/agenda político/social) poderiam ser talvez como organismos. Uma questão então - na verdade duas questões - seria se todas essas para-entidades (Mega Agrupamento Estelar; Organismo Global Bacteriano; Super-Meme Ideológico; Programas de Computador Avançados; etc) poderiam, primeiro, ser talvez dotadas de livre arbítrio; e se poderiam, segundo, ser dotadas de... consciência (experiência subjetiva; o Problema Difícil/Hard Problem do filósofo David Chalmers).

 

Com relação ao livre-arbítrio, não vejo por que não:

http://www.criticandokardec.com.br/design_inteligente.htm

 

E com relação à consciência, não vejo, igualmente, por que não:

http://www.criticandokardec.com.br/essay_on_conscious_water.htm

 

Então eu fecho essa minha longuíssima avaliação do texto de Ernesto sobre Proselitismo Ateísta com duas afirmações:

 

Primeiro, a crença em deus (ou Deus) e em espíritos está muito longe de ser improcedente, e é vital que quem quer que se apresente como um porta-voz científico sobre o assunto se embase o máximo possível, para não acabar cometendo os mesmíssimos erros que tantas e tantas religiões cometem nessa seara.

 

Segundo, para mim pelo menos, o proselitismo ateísta de Ernesto (e de muitos outros ateus também) é bem vindo. Eu diria mesmo que é necessário, e enriquece nossa sociedade com uma diversidade indispensável. E se essas minhas longas exposições puderem servir para pelo menos melhorar um pouco essa atuação que, volto a frisar, já é bastante boa, então terá valido a pena esse meu breve esforço.

 

No mais, agradeço a Ernesto a abertura em permitir que eu postasse essas mensagens no fórum de sua comunidade do Orkut. Daqui a uns seis meses devo finalizar uma versão para postar no meu site sobre esse tema, basicamente usando o que eu escrevi somado de sugestões, comentários e correções que eu fizer onde me parecer necessário (baseado nos feedbacks que eu receber inclusive). E na versão final, serão igualmente bem vindos comentários adicionais que Ernesto julgar acertados enviar.

 

Abraços,

Julio Siqueira

 
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ADENDO EM 18 DE SETEMBRO DE 2012:

 

Ernesto afirma não ver muitos problemas na militância ateísta de, entre outros, Sam Harris, e cita que leu o livro dele A Morte da Fé.

 

Em http://wolfedler.blogspot.com.br/2010/08/proselitismo-ateista.html

 

"A militância ateísta de Richard Dawkins, Daniel Dennett, Sam Harris, Michel Onfray, Bart Ehrman, Christopher Hitchens, e outros não me parece, da modo algum, agressiva e mesquinha. Pelo que já li desses autores (todos os livros do Dawkins, Quebrando o Encanto do Dennett, Tratado de Ateololgia, do Onfray, A Morte da Fé do Harris, Deus não é Grande do Hitchens, O problema com Deus, do Ehrman) eles são muito mais educados e têm muito mais consideração pelos crentes do que reciprocamente os crentes em relação aos ateus."

 

Escrevi recentemente uma resenha, em inglês, no site www.amazon.com sobre o livro de Sam Harris, The End of Faith (A Morte da Fé). Apenas para resumir, minha conclusão (e título) é de que o autor em questão (Sam Harris) tem que ser mandado para a cadeia...

 

Link abaixo:

http://www.amazon.com/review/R3V38LBPSD575Z/ref=cm_cr_rdp_perm

 

Abraços,

Julio