Repensando o Proselitismo Ateísta de von Rückert
Analisando
os Caminhos e Descaminhos do Pensamento Ateísta de Ernesto von Rueckert
Saudações ao Sr. Ernesto e eventuais membros ativos do fórum. Iniciei um tópico sobre este tema há poucos dias no fórum da comunidade Céticos S.A., no link abaixo:
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=26688928&tid=5777896632910996430
Minha intenção inicial, como disse ao Sr. Ernesto em email de 14 de agosto, era criar o tópico neste fórum aqui. Reproduzo abaixo meu email:
Olá Sr. Ernesto,
Tive conhecimento de alguns textos seus sobre
proselitismo ateísta, religião, e etc. Bem, cheguei a enviar um comentário
a um artigo em especial, sobre proselitismo ateísta, comentário esse que foi
incluído após análise da moderação. É minha intenção fazer uma análise mais
esmiuçada do que me parecem ser graves falhas no artigo em questão. Por isso
estou tentando, também, entrar em sua comunidade no orkut. Na verdade o resultado
final desta interação (ou tentativa de interação) será a publicação no meu
site de uma análise do seu pensamento em alguns dos seus artigos (ou pelo
menos neste artigo em questão). Seu artigo é bem interessante, e, sinceramente,
altamente digno de respeito. Mas... ninguém é perfeito (nem eu; e, em verdade
em verdade, nem... Deus).
Enfim, caso possamos trocar ideias será para
mim enriquecedor (como aliás sempre é). Meu site é www.criticandokardec.com.br.
Abraços Fraternos,
Julio Siqueira
email: juliocbsiqueira seguido de arroba gmail.com
site: www.criticandokardec.com.br
Somente hoje foi aceita minha participação nesta comunidade aqui, então pretendo mover para cá a partir de hoje a exposição iniciada em Céticos S.A., a fim de tentar ficar mais próximo de pessoas (inclusive do próprio Sr. Ernesto) que possam refletir junto comigo sobre os temas levantados.
Iniciarei as postagens a partir de amanhã, de modo a incluir não apenas os trechos anteriores mas também trechos novos, apesar de dificilmente conseguir incluir a totalidade dos comentários que gostaria de fazer sobre o texto em questão.
Um grande abraço para todos (apesar do que o Orkut andar tão deserto que fico com a impressão de que não há ninguém tomando conhecimento do que se passa por aqui... :-) ).
Julio Siqueira
NESTA
PRIMEIRA SÉRIE DE MENSAGENS, APENAS REPRODUZIREI O QUE HAVIA INCLUÍDO ORIGINALMENTE
(E PROVISORIAMENTE) NO FÓRUM DA COMUNIDADE CÉTICOS S.A. DO ORKUT, LINK ABAIXO:
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=26688928&tid=5777896632910996430
Repensando o Proselitismo Ateísta de Ernesto von Rueckert
(Analisando os Caminhos e Descaminhos do Pensamento Ateísta de Ernesto von Rueckert)
O título real deste tópico deveria ser o acima entre aspas, mas infelizmente títulos têm seus tamanhos limitados em demasia no Orkut Comunidades Fóruns.
Pretendo iniciar uma minuciosa análise do pensamento deste ateu brasileiro, tanto em seus caminhos (virtudes) quanto em seus descaminhos (falhas, fraquezas, e mazelas potenciais).
Abraço para todos,
Julio Siqueira
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Por quê von Rueckert?
Minha opção de comentar alguns dos textos de Ernesto von Rueckert em temas ligados a Crenças vs Descrenças vai contra uma postura minha nos tempos mais recentes de me afastar de debates (e/ou similares) nesta seara. Tomei contato com trabalhos do Sr.Ernesto recentemente, através de uma indicação que foi feita a mim de um artigo dele de título "Eventos sem Causa".
http://wolfedler.blogspot.com.br/2009/12/eventos-sem-causa.html
Em especial, fui remetido a um blog onde se tenta extrair conclusões metafísicas bem extraordinárias (e eu diria mesmo, incríveis...) baseadas em tal artigo. Url abaixo:
http://obraspsicografadas.org/2012/provando-que-o-deus-kardecista-no-existe/
Posteriormente, dando uma garimpada preliminar, encontrei o texto sobre proselitismo ateísta (de mesmo nome).
http://wolfedler.blogspot.com.br/2010/08/proselitismo-ateista.html
Dizendo de modo bem direto, e bem resumido, encontrei graves problemas em ambos os textos citados acima... Atualmente (apenas para situar temporalmente: escrevo essas linhas no mês de agosto do ano de 2012), minha postura natural seria de "deixar para lá" tais trabalhos. Contudo os trabalhos de Ernesto possuem uma faceta além: eles possuem acentuadas virtudes, merecedoras de admiração, de respeito, e até mesmo de colaboração fraterna. Este é o diferencial que tornou possível (ou melhor dizendo, inescapável) meu engajamento nessa empreitada sobre a qual ora me debruço. Ernesto é um professor, de longa data. E é também um educador. E inclui em sua militância educacional - com todo direito e com muita virtude - o que poderíamos chamar de um proselitismo ateísta racional (inclusive quase científico. Quase...). Isso faz com que seus trabalhos nessa área sejam revestidos de uma importância peculiarmente especial. Outros pontos importantes serão eventualmente ressaltados por mim ao longo de minhas futuras linhas.
Por ora (e por hoje), afirmo apenas que estas reflexões que estou escrevendo agora no Orkut serão posteriormente postadas no meu site (www.criticandokardec.com.br), eventualmente acrescidas de aperfeiçoamentos/correções que eu julgar acertadas vindas tanto do próprio Ernesto (a quem já convidei para participar dessas reflexões) quanto de demais membros do fórum Céticos S.A..
Não há como este ser um trabalho apressado. Aliás, como tudo que fazemos em Educação, trata-se de um trabalho de semeadura; acompanhamento; e colheita. Isso demanda tempo. Demanda trabalho. Demanda dedicação. Demanda paciência. E acima de tudo atenção, e boa intenção. Para quem, por quaisquer limitações que a vida tenha lhe imposto, não tiver a dimensão do que isso significa, indico o link abaixo. Após assistir o videoclip, procure a letra e a tradução da música. E reflita, com a racionalidade do coração, sobre o que as linhas significam. Pois nosso trabalho será feito justamente nas... entrelinhas!
Um abraço fraterno para todos, em especial para o Sr. von Rueckert (pretendo chamá-lo de Ernesto. E que me chame de Júlio. Caso possua alguma objeção, é só me sinalizar ).
http://www.youtube.com/watch?v=-QL5-06A5ws
Julio
Siqueira
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http://wolfedler.blogspot.com.br/2010/08/proselitismo-ateista.html
Proselitismo
ateísta
Vamos então tentar iniciar uma olhada minuciosa
nos caminhos do pensamento de Ernesto von Rückert quanto à questão do proselitismo
ateísta. Os trechos de Ernesto que estarei comentando aparecerão em preto.
Meus trechos aparecerão em outras cores.
Em minha atividade docente, envido todos os esforços para conscientizar a juventude sobre a improcedência da crença em Deus e em espíritos, bem como na total inutilidade das religiões estabelecidas.
Há momentos em que nos deparamos com coisas,
ou com afirmações, que nos fazem sentir e pensar algo como: "Meu Deus,
por quê eu resolvi entrar em empreitada tão espinhosa?". Eu mesmo até
neste exato momento não havia tido a dimensão dos problemas implícitos nessa
singela frase de Ernesto. Vejamos: Ernesto está dizendo que, em sua atividade
docente, envida todos os esforços no sentido da anti-religião.
Vamos refrasear esta sua afirmação de modo a mostrar o absurdo (e o ilícito)
potencial implícito nela: "Em
minha atividade docente, ou seja, enquanto dou aulas, inclusive em
diversas instituições públicas, onde sou pago com o dinheiro público
em um estado laico, envido todos os esforços, ou seja, dispendo uma considerável
parcela de minha energia pedagógica, para... mostrar que Jeová é o único e
verdadeiro Deus!". Agora vou apor
a essa frase de Ernesto uma frase real, advinda da minha experiência pedagógica
em diversas escolas públicas (9, em bairros diversos) no Ensino Fundamental
do Município do Rio de Janeiro desde 1999, em contato com dezenas e mais
dezenas de professores crentes e descrentes: Nunca conheci nenhum
professor que, do meu conhecimento, envidasse qualquer esforço para defender
qualquer religião em sua atividade docente, ou que as combatesse. A afirmação
de Ernesto, do jeito que ela está colocada, beira as raias da prevaricação,
ensejando potencialmente processo administrativo/criminal.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Prevarica%C3%A7%C3%A3o
Esperemos que na verdade o que Ernesto tenha
querido dizer tenha sido algo significativamente diferente do que ele efetivamente
disse...
No que concerne ao conteúdo informacional da
singela frase, Ernesto expõe duas linhas de convencimento:
1- Conscientizar a juventude da improcedência
da crença em Deus e em espíritos.
2- Conscientizar a juventude sobre a total
inutilidade das religiões estabelecidas.
Iniciando pelo mais "fácil" de ser abordado,
eu diria que o número 2 é uma afirmação no mínimo simplória. O que leva uma
pessoa racional, empunhando o rótulo de pensador científico, a afirmar que
uma determinada atividade humana (pior: diversas e diversas e diversas versões
dessa atividade humana) consegue a proeza nada discreta de ser totalmente
inútil? Confesso que tenho dificuldade de considerar que até mesmo o Nazismo
da Segunda Grande Guerra tenha conseguido ser totalmente inútil...
O fato puro e simples é que as religiões organizadas,
assim como tantas e tantas e tantas outras instituições humanas (eu diria
mesmo: praticamente todas), possuem diversas utilidades e ações benéficas.
Há de fato mazelas. E muitas. Por vezes mesmo hediondas. Mas negar o óbvio
não é uma atitude científica. E nem racional.
Com relação ao número 1, novamente encontramos
um problema recorrente nos pensamentos de Ernesto von Rückert (e que são
absolutamente inaceitáveis em ciência). As totalizações e/ou generalizações
indevidas. Argumentar contra a existência de um deus específico é uma coisa.
Querer argumentar no atacado contra a existência de qualquer deus é outra
completamente diferente. Há diversas concepções de deus que permanecem ainda
hoje perfeitamente válidas. Por vezes tais concepções podem não apenas serem
válidas, mas ainda por cima fortemente férteis intelectualmente. Um cientista
que aceita falar desse modo tão generalizador como Ernesto reincidentemente
faz está saindo solenemente do solo científico, e adentrando a pseudociência
com todas as honras. E aí cabe a pergunta que eu sempre faço ao questionar
tais atitudes de ateus/materialistas militantes: que diferença - e que vantagem
- há entre isso e o praticado pelo ruim das religiões? Resposta: nenhuma
diferença. E nenhuma vantagem... O que disse a respeito de deus se aplica
ao problema dos espíritos também. Neste último caso há o agravante que Ernesto
se permite falar sobre algo sem tentar se informar a respeito. Pior: que
eu saiba (conforme me foi comunicado por email por um amigo), ele se nega
a se informar.
Infelizmente, começamos com o pé esquerdo. Mas há diversos pontos positivos no texto de Ernesto, que ressaltarei nos momentos devidos.
Vitor Moura me esclareceu que na verdade Ernesto se pronunciou a respeito do tema no seu blog, link abaixo:
http://wolfedler.blogspot.com.br/2012/07/o-sr-esta-par-das-pesquisas-com-as.html
Eu tenho então que retirar o peso da minha expressão referente a ele quando eu disse que ele se recusou a ver as evidências. Mas, de certa maneira, ele chega bem perto disso... Posteriormente eu comentarei.
Abraços,
Julio
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Continuando em mais um passo da nossa solitária
e estoica empreitada:
Posso até admitir que alguém creia em Deus no foro íntimo, mas instituir uma organização que dispute com outras similares a primazia de ser a detentora da verdade a respeito, além de promover uma sangria da economia pública para sustentar uma classe improdutiva e inútil, que são os sacerdotes e afins, isto eu considero um abuso.
Muitas religiões não se infiltram na
estrutura do estado. Seria até interessante que Ernesto, como crítico sistemático
das religiões, pudesse apresentar uma avaliação, digamos, de todas as religiões
vigentes no nosso país (ou se não todas, pelo menos muitas - muitas mesmo!
-, atingindo uma abrangência de fato bem extensa), e mostrando, para cada
uma, o grau de imiscuimento com a estrutura estatal, bem como diversos outros
parâmetros de interesse para o crítico sério. Parece que Ernesto está longe
de atingir tal patamar de excelência em sua carreira de crítico às religiões.
É uma pena, porque, pulando etapas, ele resolve passar precocemente para a
fase seguinte: condenar as religiões a granel, independente delas incorrerem
ou não nos desvios e vícios por ele assinalados. É claro que isso é uma injustiça,
além de se tratar de uma postura não científica. Citarei posteriormente um
exemplo bem concreto disso.
Para tal é preciso que todos os ateus se manifestem como tal às abertas e façam um trabalho de esclarecimento público, pela internet, escrevendo artigos em jornais, dando palestras, pugnando pela genuína laicidade do estado, participando de debates em aulas de religião nas escolas e tudo mais que for possível.
"Participando de debates em aulas de religião
nas escolas"... Suspeito. Reconhecer a legitimidade de aulas de religião
nas escolas públicas laicas parece ser a porta (ou a contrapartida inescapável...)
para Ernesto defender a legitimidade dele defender o ateísmo na atuação docente
dele próprio... Veremos mais sobre isso posteriormente.
Sou ateu porque é mais honesto, mais verdadeiro, mais coerente, mais responsável, mais racional, mais evidente, mais justo, mais simples, mais honrado, mais lúcido, mais inteligente, mais consciente, mais caridoso, mais comprometido com o prevalecimento do bem e a erradicação do mal, sem outorgar isto a nenhum hipotético preposto.
Repito o que já disse antes e que terei que
dizer ainda algumas vezes: a fala de Ernesto causa espécie a um bom ouvinte
com mentalidade verdadeiramente científica. Ernesto acima está fazendo uma
comparação. Mas ele está comparando o quê com o quê? Ele está dizendo que
é mais honesto, verdadeiro, coerente, responsável, racional, evidente, justo,
simples, honrado, lúcido, inteligente, consciente, caridoso, e comprometido
com o bem do que todas as religiões e todos os religiosos? É
ele que é mais isso tudo do que todos os religiosos e
todas as religiões? É o ateísmo que é mais isso tudo do que
todas as religiões? É o ser ateu que é mais tudo isso do que
o ser religioso?
Ou seja, o ateísmo de Ernesto parece apenas
reproduzir o que as religiões (ou melhor: muitas delas em muitas situações)
têm insistentemente nos oferecido: a velha ladainha do "Eu sou mais
bonito do que você!".
A militância ateísta de Richard Dawkins, Daniel Dennett, Sam Harris, Michel Onfray, Bart Ehrman, Christopher Hitchens, e outros não me parece, da modo algum, agressiva e mesquinha.
Longe disso. Vejamos por exemplo esse link abaixo,
que já indiquei a Ernesto e que ele não incluiu no blog dele...
http://www.youtube.com/watch?v=WmHDiJHxEic
Neste vídeo, Dawkins diz que o homem com quem
ele debate está tendo alucinações por afirmar sentir a presença de
Deus. Afirmação agressiva, mesquinha e anti-científica. Não se trata de uma
alucinação. Se trata apenas - caso Deus não exista, ou caso não seja de fato
a presença de Deus que o dito cujo sinta - de uma identificação errônea de
uma percepção verídica. É como a água que vemos na estrada em um dia ensolarado.
A percepção é verídica. É a interpretação que não procede. Não se trata de
água, e sim de efeito ótico que dá tal impressão. Como pode Dawkins, um homem
que diz falar em nome da ciência, errar tanto? Aguardamos os comentários de
Ernesto...
Pelo que já li desses autores (todos os livros do Dawkins, “Quebrando o Encanto” do Dennett, “Tratado de Ateololgia”, do Onfray, “A Morte da Fé” do Harris, "Deus não é Grande" do Hitchens, "O problema com Deus", do Ehrman) eles são muito mais educados e têm muito mais consideração pelos crentes do que reciprocamente os crentes em relação aos ateus.
Novamente generalizações
totalizadoras mal refletidas. Vejam: "do que os crentes em relação aos
ateus". Cientistas precisam ser mais precisos, e acertados, em suas falas
e descrições. Pior do que isso: pelo menos Dawkins, Hitchens, e Harris possuem
gravíssimas falhas no quesito educação (eu diria mesmo no quesito moralidade
e humanidade!) com relação aos crentes (sendo preciso: com relação à maioria
dos crentes). Dawkins se utilizou de expressões chulas/ofensivas com relação
a uma astrônoma inocente em seu discurso ao ele receber o título de Humanista
do Ano! (seu artigo: "A Ciência é uma Religião?"). Incorreu ainda em covarde
ataque a granel contra todos os crentes do mundo logo após o 11 de setembro,
em seu artigo "Os Mísseis Desgovernados da Religião". Apoiou indiretamente
o racismo contra negros devido à maneira como ele defendeu o também ateu
James Watson (Watson é ateu e racista; coisas de ateu...). E por aí vai.
Com relação a Hitchens e Harris eu não possuo um registro documentado; mas
lembro de já tê-los visto (ou de tomar conhecimento sobre) proferirem afirmações
nada recomendáveis. Harris especificamente tenta se defender no link abaixo:
http://www.samharris.org/site/full_text/response-to-controversy2/
Para mim, a emenda ficou pior do que o soneto.
Comentarei mais sobre isso posteriormente. Hitchens é citado por alguns como
sendo pior que Harris (no link acima mesmo). São esses os companheiros
de Ernesto? Daniel Dennett parece ser bem melhor. Bem melhor mesmo. Ernesto
parece, de fato, bastante similar a Dennett. Bom pra ele. Bom pra nós!
Esta é uma postura que precisa mesmo ser posta em prática, pois está mais do que cabalmente demonstrado como as crenças, e sua pior manifestação, as religiões organizadas, são nefastas à humanidade.
Está na hora de cobrarmos que os cientistas
(Ernesto) se comportem de fato como cientistas: "cabalmente demonstrado" como?
Onde? Onde estão as pesquisas? Onde estão os números? Os estudos são confiáveis?
Responder a tais perguntas sim é fazer e divulgar ciência. O resto é reedição
de religião de baixo nível.
É certo que muita coisa boa se fez em nome de crenças e religiões, mormente no quesito filantropia, mas nada que não pudesse ser feito sem o envolvimento das crenças e religiões.
Nada que não pudesse ser feito sem o envolvimento
de crenças... Esse é um ponto falho recorrente de Ernesto que comentarei mais
plenamente posteriormente.
Abraço para todos por ora,
Julio Siqueira
ABAIXO, JÁ INICIO POSTAGENS NOVAS, POSTERIORES DAS INICIADAS NO FÓRUM DA COMUNIDADE CÉTICOS S.A..
Veja-se, por exemplo, os “Médicos sem Fronteiras”.
Muitos médicos que participam do "Médicos sem
Fronteiras" podem estar sendo movidos por sentimentos religiosos em graus
variáveis. Não que eu ache que sim. Apenas acho improcedente a afirmação
de Ernesto do jeito em que ela está sendo colocada.
Também preciso esclarecer que o Deus a que me refiro pode abranger conceitos variados, tendo em comum o fato de ser uma entidade com poder para agir sobre o Universo à revelia de suas leis naturais (um mágico, na acepção verdadeira), não precisando ser justo nem bom, nem único. Mas, além de onipotente, deve ser onisciente, autosuficiente (incausado) e eterno. Sem esses predicados não seria denominado “Deus”. Não precisa também ser uma “pessoa” (ou três).
O trecho acima é bastante difícil de ser comentado.
Dizendo de um modo bem direto, há graves (e diversas) falhas conceituais
no exposto por Ernesto acima. Tais falhas - provavelmente não coincidentemente...
- são encontradas amiúde nos trabalhos de diversos outros proselitistas
ateístas, como por exemplo o físico estados-unidense Victor Stenger. Um item
por exemplo: define-se deus (ou Deus, como preferem os ateus...) como sendo
alguém ou algo que age no Universo à revelia das leis naturais. O problema
nisso é que na verdade se deuses existirem eles fazem parte da ordem natural
das coisas. Eles nada mais são do que leis naturais também (leis naturais
e eventos/entidades naturais). Essa dicotomização onde temos, de um lado,
o mantra A Natureza é Natural e onde temos, do outro
lado, o mantra oposto Deus ou Deuses são Necessariamente Não Naturais
é artificial, pseudocientífica, e ideologicamente carregada. Há também graves
falhas no que parecem ser as ideias de Ernesto sujacentes aos conceitos de
magia (e da impossibilidade da magia...), onipotência, onisciência, e incausabilidade...
(sem falar de eterno).
Abraços por ora,
Julio Siqueira
O ateísmo cético não se configura, de forma alguma, em uma religião, e sim, em ausencia de qualquer religião, conforme o que normalmente se entende por religião, isto é, um complexo envolvendo uma crença, um corpo doutrinário, uma assembléia de seguidores, uma organização administrativa e hierárquica, um conjunto de edificações para sediar suas atividades, um ritual de procedimentos laudatórios e propiciatórios e mais outros aspectos de menor importância. Nem o ateísmo dogmatico e, certamente, o agnosticismo, são religiões, mesmo que se constate alguma atividade de proselitismo por parte de seus seguidores. Tampouco chamá-los-ia de "crenças", mas sim de "convicções", que são opiniões embasadas em fortes indícios de plausibilidade de suas veracidade.
Esse trecho acima até me faz lembrar de Allan
Kardec explicando porque o espiritismo não é uma religião... Infelizmente
as atividades humanas possuem semelhanças viscerais entre si, especialmente
nos defeitos ao que parece. O ateísmo tem manifestado nos últimos decênios
muitos dos vícios das religiões: intolerância, irracionalismo, espírito vingativo,
mentira, acobertamento de postura criminosa de seus membros (e acobertamentos
de diversos outros tipos). O "Novo Ateísmo" em especial (movimento ateu que,
a meu ver, surgiu principalmente para faturar dinheiro em cima dos acontecimentos
envolvendo os atentados de 11 de setembro de 2001) possui uma postura criminosa
com relação à humanidade (exemplos específicos de perpetradores: Victor Stenger,
Richard Dawkins, Sam Harris, etc). A impressão que dá é que é só deixar o
ser humano se organizar e ele (independente de se for ateu, à toa, crente,
anarquista, etc) vai acabar sendo... humano. (Inclusive, ou talvez principalmente,
nos defeitos).
Concordo em que não se possa zombar da sinceridade da fé de quem a possua e nem afirmar que tal fato seja sinal de ignorância ou burrice. Jamais me posicionei desta forma.
É necessário que eu sinalize que somente encontrei
em proselitistas ateus militantes uma postura tão (a meu ver) consciente e
respeitosa para com as posições potencialmente opostas em um ateu/cético
específico: Daniel Dennett. Como eu já havia dito, em muitos pontos Ernesto
me lembra a postura de Dennett. Considero isso altamente benéfico e construtivo.
Ora, toda conclusão induzida não é garantida e pode ser derrubada por um único contra-exemplo. Existem miríades de eventos que não são efeitos de causa alguma no domínio microscópico, como o decaimento radioativo e a emissão de fótons por átomos excitados (a excitação é condição e não causa). Logo, não sendo verdadeira a premissa maior, não é verdadeira a conclusão. A premissa menor também não é verdadeira, pois o fato de ser contingente (poder não existir), não impede o Universo de ser eterno para o passado, contrariando o argumento Kalam, que diz que isto seria impossível, pois não teria havido tempo para se vir do início da eternidade até hoje, e hoje está aquí. Ora, um tempo infinito para o passado não significa um início infinitamente afastado e sim a ausência de um início.
Não escolhi comentar esse trecho acima devido
a questões de proselitismo ateísta. Na verdade ele caberia mais ser comentado
juntamente com o artigo de Ernesto sobre eventos sem causa. No link abaixo:
http://wolfedler.blogspot.com.br/2009/12/eventos-sem-causa.html
Em muitos pontos Ernesto enfatiza essa característica
da conclusão induzida. Na verdade ela se aplica (de maneiras mais ou menos
similares) aos demais "tipos" de conclusão também. Então, a meu ver, não
há sentido em chamar a atenção para o problema específico da conclusão induzida.
As deduções e as teorias estabelecidas padecem de mazelas similares e até
piores. Poucos são os "eventos intelectuais humanos" que conseguem escapar
ilesos à possibilidade do erro... (Na verdade, creio que só há um tipo). A
afirmação de que haja eventos sem causa (ou, alternativamente, de que haja
eventos com causa...) me parece uma afirmação metafísica temerária
e ideologiamente motivada. Na verdade, considero a noção de causalidade, bem
como sua antítese, a noção da acausalidade, como o grande mito (ou história
da carochinha, se preferirem) aninhado no cerne mais imaturo e carente do
pensamento científico e da atividade científica. E quanto a Kalam, confesso
que minha mente se apequena diante da infinitude dessas considerações...
Que se cultive o pensamento filosófico crítico e um saudável ceticismo, como método seguro de abordagem da verdade, abstendo-se de todo e qualquer dogmatismo, inclusive ateísta.
Incluí esse trecho acima para comentar justamente
para poder expor de modo claro essa faceta da abordagem de Ernesto, que me
parece, como já disse, benéfica e construtiva.
O grupo da Gnose de Princeton e a New Age, bem como Amit Goswami, Fritjof Capra, David Bohm, Eugene Wigner, Deepak Chopra, Carl Jung, Rhonda Byrne, Elaine Pagels e mesmo Einstein, Penrose, Schopenhauer e Spinoza, em suas considerações panteístas sobre a existência de uma consciência cósmica, que se manifestaria diretamente a cada mente por gnose, que promoveria uma coordenação inteligente da evolução tanto cósmica quanto biológica e que possibilitaria o entendimento das perplexidades interpretativas da Mecânica Quântica, na verdade fazem uma proposta gratuita, com base em convicções pessoais não verificadas e nem verificáveis, mais ou menos como a cosmovisão espírita de Allan Kardec.
Para problemas na cosmovisão espírita de Allan
Kardec, recomendo os links abaixo:
http://www.criticandokardec.com.br/kardec1.htm
http://www.criticandokardec.com.br/kardec2.htm
Já quanto a totalidade maior do parágrafo, ressalto
a recorrência de generalizações potencialmente indevidas e mal delimitadas.
Inclusive, do jeito que o parágrafo está escrito, qualquer leitor mediano
poderia incluir Schopenhauer e Spinoza na lista dos que se debruçam sobre
as "perplexidades interpretativas da Mecânica Quântica"...!!!
É altamente temerário querer atirar todos esses pensadores no mesmo balaio
de gatos. Se de fato todos eles possuem em comum algum tipo de cerne de pensamento
panteísta, muito provavelmente cada um chegou a esse ponto por vias relativamente
diferentes, e com valores e fraquezas igualmente diferentes. Ernesto acusa
que eles todos "na verdade fazem uma proposta gratuita, com base em convicções
pessoais não verificadas e nem verificáveis". Afirmação a meu ver simplória.
Por exemplo, eu apostaria que Elaine Pagels se situaria bem em uma posição
merecedora desta crítica de Ernesto. Com relação a Einstein, ou Bohm,
eu apostaria que eles não são merecedores de tal crítica. Já quanto
a Penrose, eu sei que ele não é merecedor de tal crítica. Na
verdade, a questão do panteísmo é um tema que retorna de tempos em tempos
entre a intelectualidade humana. Eu mesmo me debrucei sobre tal tema imensamente,
e talvez o local onde eu exponha meu argumento mais amadurecido a favor do
panteísmo seja no texto do link abaixo (recomendo humildemente a Ernesto):
http://www.criticandokardec.com.br/essay_on_conscious_water.htm
É certo que crentes estatisticamente são mais felizes e longevos.
Por mais lisongeira que a afirmação acima possa
me parecer, ainda assim preciso cobrar: que artigos científicos afirmam isso?
Qual a confiabilidade das metodologias? Etc. Pessoalmente duvido muito dessa
afirmação, e tendo a achar que ela é inválida.
Por hoje infelizmente fico por aqui. Comentários
que sejam feitos no fórum Céticos S.A. serão respondidos por mim também,
eventualmente. Alguns comentários foram já feitos, no link abaixo:
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=26688928&tid=5777896632910996430&na=2&npn=2&nid=
Abraços,
Julio Siqueira
Hoje vou terminar os comentários sobre pontos
selecionados do texto de Ernesto. Tentarei ainda hoje incluir, posteriormente,
meus Comentários Finais. Se não conseguir incluí-los hoje, colocarei tais
Comentários Finais amanhã. Neles abordarei algumas facetas mais humanas,
e menos técnicas, do texto de Ernesto (ou implícitas ao texto).
Começando então:
O fato de não se ter, por enquanto, uma explicação evolutiva cabal e pormenorizada para as complexidades biológicas e mesmo para outras ocorrências nem tão complexas, não significa, absolutamente, que esta explicação seja dada pela interveniência de uma inteligência supranatural planejadora e executora da evolução.
Minha posição sobre o Design Inteligente (de
Michael Behe e William Dembski) pode ser vista no link abaixo:
http://www.criticandokardec.com.br/design_inteligente.htm
Basicamente considero a "teoria" do Design
Inteligente completamente furada. Ainda assim ressalto dois pontos potencialmente
problemáticos que Ernesto deixou escapar acima: 1- O problema das explicações
em si (comentarei posteriormente, em minhas Considerações Finais). 2- O problema,
da não percepção por nossa parte de que um dado fenômeno na verdade nem foi
ainda de fato explicado, apesar de muitos considerarem que sim. Isso se dá
especialmente com a consciência (experiência subjetiva; fenômeno descrito
pelo filósofo David Chalmers como o Problema Difícil - Hard Problem). Mas
isso também afeta, potencialmente, muito do que consideramos cotidianamente
como questões já resolvidas.
A aceitação do acaso para dar conta de tais fatos não precisa ser comprovada, pois é a hipótese nula, isto é, a que se considera como verdadeira, a não ser que se prove que não seja, mostrando-se outra que o seja.
Acho que Ernesto aqui mistura estações; e acumula
- sem se dar conta - problemas em cima de problemas... Primeiro, ele manifesta
a crença metafísica na existência do acaso (explicando minhas objeções: 1-
será que o acaso existe de fato? 2- Será que o acaso pode existir sequer
conceitualmente?). Segundo, ele manifesta a crença científica de que o acaso
seja subjacente à dinâmica da realidade física do nosso Universo (explicando:
mesmo que o acaso possa em princípio existir, e mesmo que ele exista de fato
no mundo real, será que o acaso é de fato subjacente à dinâmica dos processos
físicos? Será que, ao invés do acaso, não teríamos um determinismo, como
diversas interpretações respeitáveis - e respeitadas! - da mecânica quântica
postulam haver?). Terceiro, ele aborda o problema do "ônus da prova" de modo
um pouco distorcido: toda afirmação traz junto a si um ônus de prova associado.
Se o acaso não precisa ser comprovado é porque ele já o foi. Itens que sejam
comprovados (apesar das diversas precariedades inerentes ao conceito de prova
em ciência...) passam de fato a integrar o que podemos chamar de hipótese
nula. Contudo, se há uma disputa (como quando Michael Behe afirmou que o neo
darwinismo não explicaria o aparecimento das características complexas -
ou mais precisamente: das características Irredutivelmente Complexas/Dotadas
de Complexidade Irredutível), é porque alguns grupos consideram que a comprovação
não foi adequada. Ou seja, quando um cientista (Ernesto, no caso) recorre
a uma afirmação como esta mais acima (ele disse: "a aceitação do acaso para
dar conta de tais fatos não precisa ser comprovada, pois é a hipótese nula,
isto é, a que se considera como verdadeira"), isso parece mais uma afirmação
política (talvez mesmo dogmático/religiosa) do que científica. Isso poderia
ser apenas um detalhe, ou uma nuance emocional sem efeitos práticos negativos.
Contudo, isso na verdade exacerba os problemas inerentes à prova em ciência,
que foi o que eu aludi quando eu disse logo acima: "apesar das diversas
precariedades inerentes ao conceito de prova em ciência...". A ciência real
possui um lado dogmático-conservador. Isso é, em grande medida, um "mal necessário".
Porém, quaisquer coisas que exacerbem tal lado aumentam o risco de que tal
conservadorismo se mova para um patamar de "mal desnecessário e contrário
aos próprios interesses da ciência". Isso acontece amiúde nos embates entre
cientistas "céticos" vs cientistas da parapsicologia. E os cientistas "céticos"
acabam se comportando como verdadeiros clérigos...
É preciso entender que o acaso é capaz de qualquer coisa.
[E eu que achava que era a Fé que era capaz
de qualquer coisa...]. Não. Não é preciso entender isso. Muito pelo contrário.
É preciso explicar isso. Como assim o acaso é capaz de qualquer coisa?
Quer dizer que um único evento de decaimento radioativo pode...dar origem
a uma entidade divina? (ou alternativamente: fazer aparecer um boing 747 na
minha rua; fazer com que o planeta Júpiter fique do tamanho de uma ervilha;
etc...).
Não nego que as religiões trouxeram contribuições positivas para a humanidade em vários aspectos, como no espírito de solidariedade (bom-samaritanismo), não só cristão mas muçulmano, budista, hinduísta, judaico, espírita, xintoísta etc. Outra coisa é o estabelecimento de um padrão de ética (os dez mandamentos). No entanto, tudo de bom que se pode imputar às religiões, não depende de suas doutrinas éticas, metafísicas e cosmológicas e poderia igualmente ser feito sem que elas existissem.
Reincidência de um grave problema já citado
anteriormente por mim. Comentarei em minhas Considerações Finais.
É preciso que se entenda, contudo, que a esperança, assim como a fé, não são virtudes, como a caridade. Pelo contrário, são vícios. E esperança é a convicção de que, de alguma forma, por um passe de mágica, sem que se tome a iniciativa de envidar esforços para tal, os problemas serão solucionados.
Acho estranha essa campanha de Ernesto contra
a esperança. Em primeiro lugar, não considero quaisquer dessas coisas ou como
vícios ou como virtudes. Acho na verdade que elas todas possuem facetas virtuosas
e facetas viciosas, e que cada pessoa varia no modo como manifesta tais
características. A esperança para mim é mais um sinônimo de otimismo, solidário
com o trabalho em prol do objetivo almejado.
Sou declaradamente ateu e procuro, por todos os meios, convencer as pessoas a se tornarem ateístas também, inclusive em minha atividade docente.
Inclusive na atividade docente...
E, neste aspecto, o fisicalismo (antes denominado materialismo) é a visão primordial da Física, isto é, considerar que tudo na natureza é inteiramente natural, ou seja, sobrenatural não existe.
Aqui temos um jogo de palavras cruel e enganador,
frequentemente usado pelos que querem negar a existência de deus (ou de
Deus, como costumam dizer/escrever os ateus...), de espíritos, e de poderes
como telepatia, telecinese, e clarividência. O negócio rola assim: Primeiro,
deixamos bem claro que deus, espíritos, e poderes paranomais são sobrenaturais.
Que isso fique bem claro. Esses poderes e entidades são todos sobrenaturais.
Ok? Ficou bem entendido? É claro que são sobrenaturais. Qualquer dicionário
vai ajudar nisso, né? Bem, aí vem o segundo passo: Segundo, definimos
natural como sendo tudo o que a física estuda, e tudo o que ela encontra
(e tudo o que ela pode vir a encontrar) em suas investigações sobre
o Universo. Terceiro, a conclusão fatal: jamais a física vai comprovar
a existência de deus ou de espíritos porque eles são sobrenaturais. Lembram,
nós deixamos bem claro. Eles são sobrenaturais. E a física diz que tudo o
que existe é natural. Então deus, por ser sobrenatural, não existe. Ponto.
[Lembra até aquela música onde Deus reclama: Fui eu quem criou a Terra, enchi
o rio fiz a serra, não deixei nada faltar; hoje o homem criou asa, e na maioria
das casas eu também não posso entrar...].
A afirmação verdadeiramente científica é a seguinte:
deus e espíritos, se existirem, são naturais. E ponto final. (ponto final
por ora; o passo seguinte é que aqueles que acreditam que exista deus ou
deuses que provem que eles existem, e demonstrem como e quando eles interagem
com o Universo; idem para espíritos. Estamos todos aguardando).
Isto eu passo aos alunos sim e acho que é meu dever fazê-lo, justamente para abrir suas cabeças para a obliteração que as crenças religiosas fazem a seu pensamento, com a ilusão da existência de Deus. Não especificamente o cristianismo, nem o judaísmo, nem o islamismo, nem o hinduísmo, nem o espiritismo. Todas!
Todas! Esse é o problema! Ernesto não percebe
e não demonstra a diferença de visão entre as diversas religiões, e as diferentes
maneiras que diferentes pessoas (ou diferentes subgrupos) veem e praticam
uma mesma religião. Resumindo: Ernesto não olha as religiões com um olhar
de cientista, e sim com um olhar de crente!
Da mesma forma que acho que os religiosos têm todo o direito de expor seu ponto de vista de forma argumentativa, como o faço. Que os alunos decidam. Isto faz parte da saudável posição laica da educação, tanto pública quanto privada. Educação laica não significa não expor os alunos às propostas das religiões, tanto quanto às propostas das ideologias políticas, mas sim não se alinhar institucionalmente com nenhuma. Tenho muitos colegas teístas, até entre professores de biologia que não aceitam a teoria da evolução, que defendem o “projeto inteligente” e dizem isto a seus alunos. Está certo. O que não se pode é fechar questão.
Vejam: "educação laica não significa não
expor os alunos às propostas das religiões, tanto quanto às propostas das
ideologias políticas, mas sim não se alinhar institucionalmente com nenhuma.".
Não é bem assim. Vejamos o que diz a lei federal
que versa sobre o assunto, LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional):
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm
Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa,
é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos
horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado
o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer
formas de proselitismo.
§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os
procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão
as normas para a habilitação e admissão dos professores.
§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade
civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição
dos conteúdos do ensino religioso.
Ou seja, o ensino religioso (ou anti-religioso,
no caso dos proselitismos docentes de Ernesto - Eu ainda acho mais apropriado
dizer ensino religioso ateísta) é de matrícula facultativa. Ora, se um Testemunha
de Jeová resolve fazer seu proselitismo entremeando as equações da física,
ele não está dando ao seu alunado o direito à facultatividade. Idem para o
ateu em questão... Note ainda que a lei veda qualquer forma de proselitismo...
(os ateus talvez se considerem acima, ou à margem, das leis). Ao Ernesto comparar
a laicidade com a política, vale lembrar que o estado é laico, mas
não é apolítico. O estado é político! Com relação a professores de
biologia que defendam o "Projeto Inteligente", apenas posso dizer que, graças
a DEUS, não conheço nenhum que o faça. Se conhecesse, eu perguntaria ao colega
em que artigo científico de respeito ele estaria se baseando. A resposta
eu já sei qual seria: nenhum! Então, infelizmente, não posso concordar com
Ernesto quando se refere a isso dizendo "Está certo!". Com
todo o respeito e com toda a humidade, não está certo não. Tá errado. Isso
é tão ciência quanto dizer que é o Sol que gira em torno da Terra.
Os comentários finais ficaram um pouco extensos (cinco páginas do word). Mas acho que é necessário. Iniciando então a postagem:
Comentários Finais Sobre o Artigo Proselitismo
Ateísta.
http://wolfedler.blogspot.com.br/2010/08/proselitismo-ateista.html
Nestes trechos finais, incluí alguns itens que
gostaria de destacar de modo especial.
1- O proselitismo, de qualquer linha religiosa
ou não-religiosa, dentro de salas de aula: como eu disse ao começar a escrever
essa análise do artigo de Ernesto, eu não havia atinado, até aquele exato
momento, as implicações da frase de abertura do artigo de Ernesto. De fato
me deparei com uma afirmação de implicações éticas deveras delicadas. Muitas
vezes nós, durante décadas, atuamos de modo inadequado sem mesmo nos apercebermos
do que estamos fazendo. Podemos estar lesando alguma lei, ou algum direito,
ou alguns preceitos éticos importantes, sem mesmo nos darmos conta disso.
O importante é estarmos abertos para um "ajustamento de conduta", quando e
se necessário. Não tenho a menor ideia se a atuação de Ernesto demanda um
ajustamento de conduta. Na verdade, prefiro nem ter. Prefiro deixar para ele
mesmo uma reflexão sobre se o que ele está fazendo - do modo que ele está
fazendo (modo esse que eu não sei qual é) - precisa de um ajuste ou não.
Apenas afirmo minha posição com relação à situação em geral, tanto quanto
ao proselitismo ateísta quanto a quaisquer outros proselitismo em sala de
aula, em especial em instituições públicas. Eu não vejo com bons olhos aulas
de religião na escola. Não acho adequado. E ainda que se siga o delineado
na LDB, há que se respeitar o caráter facultativo do ensino religioso, e o
viés não proselitista. O que se aplica à religião se aplica também à não-religião,
ou ao ateísmo.
2- O proselitismo ateísta em si: sou muito contra
o proselitismo de um modo geral. Para se ter uma ideia, eu sou uma pessoa
imbuída de um fervor crente relativamente intenso (do tipo "espiritoide",
alguém poderia mesmo dizer...), e que era muito mais intenso ainda no passado.
E apesar disso eu fiquei sabendo, quando minha filha tinha 11 anos de idade
(no ano 2.000), que ela era... agnóstica!!! E minha reação foi dar boas vindas
à variação ideológica dentro no seio do meu lar. Mas reconheço que o proselitismo
é um direito, e que traz benefícios em muitas situações.
2.1- O ateísmo como sendo mais honesto, mais
verdadeiro, mais coerente, mais responsável, mais racional, mais evidente,
mais justo, mais simples, mais honrado, mais lúcido, mais inteligente, mais
consciente, mais caridoso, mais comprometido com o prevalecimento do bem e
a erradicação do mal, sem outorgar isto a nenhum hipotético preposto...: minha
visão a respeito dos ateus, desde que conheci o primeiro, eu então nos meus
15 anos de idade (um amigo um pouco mais velho que eu), é de que em média
os ateus são melhores, em termos morais e como cidadãos, do que a média dos
crentes. Isso é uma impressão subjetiva minha (pode ser uma impressão correta
ou não). O que eu me deparo na internet é o contrário! Em fóruns diversos
e vindo dos profetas do Novo Ateísmo, o que eu reparo é um nível moral inferior
à média das pessoas comuns. Ainda considero que isso seja uma aberração internética.
Mas vejo com sérias reservas essa afirmação feita por Ernesto (esta série
de qualificativos aposta na testa do ateísmo por Ernesto, citada por mim
no início deste parágrafo). Fica aquele tom "Sou Melhor do que os Outros",
que se por um lado é verdade, por outro lado também nem sempre é; então a
afirmação pura e simples "Sou Melhor" (ou "O Ateísmo é Melhor") soa como
irrefletidamente imatura, ou mesmo desonesta em seu âmago. Lembremos inclusive
que pode até ser verdade que o ateu não faça o bem para agradar a Deus. Contudo
isso não quer dizer que ele faça o bem pelo bem (nas palavras de Ernesto:
"sem outorgar isto a nenhum hipotético preposto"). É inclusive saudável nos
questionarmos sempre se existe de fato bondade e nos questionarmos também
sobre o que de fato nos move nas nossas ações.
Um ponto a ressaltar no "ateísmo mais honesto
que a crença": enquanto o ateísmo de Ernesto exerce o proselitismo em instituições
educacionais públicas (aparentemente à revelia do direito ao caráter facultativo
que tal atuação deve ter), a religião espírita instituída carioca rejeitou
a oferta da Prefeitura de vagas para professores de religião espírita nas
escolas municipais de ensino fundamental. Os espíritas não consideram correto
ocuparem tal espaço. Isso porque eles são menos honestos, menos verdadeiros,
menos coerentes, menos responsáveis, menos racionais, menos evidentes, menos
justos, menos simples, menos honrados, menos lúcidos, menos inteligentes,
menos conscientes, e menos caridosos do que o ateísmo...
3- As "totalizações" e generalizações extremas:
em um debate com James Randi, o pesquisador Gary Schwarz (que tenta fazer
pesquisas científicas laboratoriais com médiuns) afirmou que o verdeiro
cientista quase sempre faz afirmações utilizando-se de probabilidades, e
quase nunca de totalidades. Um antigo professor meu de gramática da língua
inglesa apresentou essa mesma ideia anos antes com a seguinte frase: "Nunca
e Sempre são duas palavras que nós sempre devemos lembrar de nunca
dizer". Ernesto se utiliza muito de afirmações totalizadoras ("total
inutilidade das religiões"; etc). Considero isso temerário.
4- Tudo que as religiões trazem de bom poderia
vir igualmente sem elas: em termos antropológicos e sociológicos, considero
essa afirmação amadora e improcedente. As religiões instituídas canalizam
(e até potencializam) alguns sentimentos fortes que existem nos indivíduos,
e transformam isso em ações que dificilmente se dariam sem a existência de
tais instituições. Muitas e muitas instituições humanas têm esse mesmo feitio.
Isso não é defeito nem qualidade. Isso é uma característica. Isso também acontece
com as instituições (formais ou informais) ateístas. E junto com a organização
dos grupos humanos e subsequente canalização de energias individuais acontece
um aumento do poder de tais instituições. A consequência quase inevitável
é a corrupção, em maior ou menor grau. Os ateus não estão isentos de tais
tentações e vícios... Basta olharmos as tentativas de "criação de estados
ateus", como a Rússia soviética. Aliás, os ateus e o ateísmo (para me usar
da retórica simplória de tantos proselitistas ateus, Ernesto inclusive...)
conseguiram em sua breve história de contato com o poder um nada modesto histórico
de devastações sociais: Stalin, Mao Tse Tung, Pol Pot, etc, etc, etc.
5- O problema da existência de deus e de espíritos:
foi feita uma pergunta a Ernesto sobre a questão dos espíritos, que ele reproduziu
no link abaixo:
http://wolfedler.blogspot.com.br/2012/07/o-sr-esta-par-das-pesquisas-com-as.html
Transcrevo abaixo:
Pergunta: O sr. está a par das pesquisas com
as médiuns Leonora Piper e Gladys Osborne Leonard? E as pesquisas de Ian Stevenson,
Jim Tucker, Antonia Mills, Erlendur Haraldsson (etc.) sobre reencarnação?
Elas fornecem fortes evidências para existência de espíritos.
Resposta: Não estou a par. Posso examinar. Mas
antecipo que sou extremamente cético a respeito. Só vou aceitar que espíritos
existam mediante comprovações incontestáveis realizadas com todo um aparato
de controle para que sejam evitadas fraudes e por meio de diferentes abordagens
que possam confirmar os resultados de modo cruzado. Caso contrário prefiro
considerar que a existência de espíritos seja uma invenção cômoda para explicar
uma série de eventos ainda não explicados de uma forma natural. Minha convicção
de que o mundo seja apenas físico é muito grande. Mas estou disposto a mudar,
sem dúvida. Só que tenho que ser convencido por argumentos muito sólidos e
por evidências presenciadas diretamente por mim.
A exigência de que as evidências sejam presenciadas
diretamente por ele é um pouco estranha. Ela é algo que foge ao normal da
ciência. Afinal, a quase totalidade do conhecimento científico é aceita
por Ernesto (e por todos os demais cientistas) sem que ele tenha que presenciar
a prova experimental. Mas, a rigor, não se trata de uma demanda improcedente.
Como eu mesmo não posso fornecer a Ernesto provas que nem mesmo eu vi...
então me limitarei a algumas considerações básicas.
Espíritos e deus são possibilidades. Considero
fundamental que um crítico de um determinado assunto (no caso Ernesto criticando
a teoria "Deus Existe" e a teoria "Espíritos Existem") conheça a fundo tal
assunto, em especial se ele trilha o caminho delicado do proselitismo. Com
todo o respeito e com todo o espírito de crítica construtiva da minha parte,
não posso deixar de dizer que Ernesto não parece conhecer bem o assunto que
critica. Não tenho dúvida que ele possui conhecimentos científicos vastos
e altamente benéficos para tantos quantos ouvem suas falas e leem seus escritos.
Contudo creio que tais conhecimentos o tem iludido em achar que conhece o
suficiente para criticar assuntos como deus e espíritos.
O problema com a questão espíritos especificamente
é que, de fato, é deveras estranho que coisas assim possam existir. O fato,
contudo, é que existem sim evidências que indicam a existência desse tipo
de entidades, ou melhor dizendo: existe uma quantidade considerável de evidências
que indicam a realidade do fenômeno Sobrevivência Pós Morte. Eu diria mesmo
que todas as condições impostas por Ernesto são satisfeitas pelas evidências.
Todas menos uma condição: a de que as evidências sejam presenciadas diretamente
por ele. Mas alguns fenômenos são menos rotineiros do que outros. Isso é da
Ciência. Isso é da Natureza. Houve uma época (talvez ainda hoje seja assim,
não sei ao certo) que era um pouco difícil presenciar diretamente a ocorrência
de neutrinos... E imagino que isso não tenha sido impecilho a que Ernesto
aceitasse tais estranhas entidades (capazes de atravessar mais de vinte
anos luz de chumbo sólido; duvido que algum espírito seja capaz de tal etérea
façanha... :-) ). Muitos dos fenômenos que embasam a ideia da existência
de espíritos são bem mais acessíveis do que os experimentos que detectam
neutrinos; mas ainda assim tem que procurar; tem que ralar. Não dá pra ficar
sentado no gabinete dizendo "Não existe", "Não existe", "Não existe"; "É
crença improcedente", "É crença improcedente", "É crença improcedente". Comodidade,
ou preguiça, não é ciência. Ciência é fazermos afirmações compatíveis com
nossa base de dados. Foi o que eu disse a um ateu em 2005 em um fórum cético,
que me pressionava a afirmar que espíritos não existiam, já que eu tinha
feito um estudo tão devastador a respeito (ou contra) o espiritismo kardecista.
Especificamente os estudos dos dois links abaixo:
http://www.criticandokardec.com.br/kardec1.htm
http://www.criticandokardec.com.br/kardec2.htm
O que eu respondi ao afoito ateu foi que eu
não podia fazer afirmações além do que minha base de dados autorizava. E olha
que eu ralei horrores para produzir tais trabalhos! Os trabalhos que foram
sugeridos a Ernesto por Vitor Moura são bastante clássicos na área. Possuem
uma solidez impressionante (imperfeitos, sem dúvida). Mas eles não tem nada
de fáceis de serem analisados. Eles demandam um olhar muito apurado, e muito
tempo de estudo; tanto para perceber a solidez quanto para perceber as fraquezas...
Eu me debrucei com mais afinco, durante alguns anos, sobre os trabalhos de
Ian Stevenson e colaboradores, em estudos de casos sugestivos de reencarnação.
Impressionantes. Muitos aspectos sólidos. Falhas também. Um livro que eu
sugeriria para Ernesto introdutório para toda essa questão é o Immortal Remains,
de Stephen Braude. Sugiro também que ele leia minha resenha deste livro.
http://www.criticandokardec.com.br/amazon_reviews.htm#braude
A questão de deus possui nuances diferentes.
Ela se restringe mais à pergunta "Qual o tamanho de deus que te satisfaz?".
De deuses, o Universo está cheio. Basta olhar em seu próprio espelho, e
o ateu encontrará um. Alguns deuses já foram refutados (já se comprovou que
eles não existem), como o Zeus visível e sempre presente no topo do Monte
Olimpo. Outros são logicamente impossíveis, como o deus onipotente de qualquer
religião (pelo menos eu considero a onipotência uma característica logicamente
auto-refutadora, ou seja, tão impossível quanto um triângulo de quatro lados).
As chances de haverem super-civilizações intergaláticas dotadas de poderes
divinos é simplesmente altíssima. Imaginem, por exemplo, nosso avanço tecnológico
em daqui a um bilhão de anos. Ora, é bem possível que diversas civilizações
já tenham alcançado tal estágio. Não há dúvidas (pelo menos para mim) que
tais civilizações podem fazer coisas mil vezes mais arrojadas do que qualquer
um de nós atualmente possa imputar a um deus (pra começar, transformar água
em vinho para o café da manhã; e na hora da Santa Ceia, criar Universos inteiros
não em seis dias, mas em seis segundos; além de infindáveis coisas que não
posso sequer imaginar). Se isso não te satisfaz como deus, então seu problema
não será resolvido na Ciência ou no ateísmo; seu problema só será resolvido
na psicanálise! É lógico que, mesmo nós encontrando tais super entidades,
nada nos impede de tratá-las com total desprezo. Até porque, se por um acaso,
elas tiverem sido as criadoras do nosso Universo, elas são culpadas de fato
por nossas dores também (dentre mil outras considerações).
Um outro ponto interessante ao sondarmos o potencialmente
divino é a questão do livre arbítrio. Caso exista livre arbítrio (o que eu
creio não existir...), então muitas estruturas do mundo poderiam exercê-lo
senão de modo divino pelo menos de modo super. Talvez mega agrupamentos estelares
o façam ao longo de incontáveis milhões de anos, em uma lentidão exasperadora
(seria um deus do tipo bicho-preguiça). Talvez o mesmo se dê com o conjunto
total de microorganismos terrestres; as bactérias já foram chamadas por alguns
pesquisadores de Organismo Global. Richard Dawkins há alguns anos apresentou
o conceito dos memes: ideias seriam como genes, como os genes egoístas, na
verdade colocando os organismos para atuarem em seu favor. Ora, se ideias
são como genes, ideologias (que são um conjunto orquestrado de ideias normalmente
com uma finalidade/agenda político/social) poderiam ser talvez como organismos.
Uma questão então - na verdade duas questões - seria se todas essas para-entidades
(Mega Agrupamento Estelar; Organismo Global Bacteriano; Super-Meme Ideológico;
Programas de Computador Avançados; etc) poderiam, primeiro, ser talvez dotadas
de livre arbítrio; e se poderiam, segundo, ser dotadas de... consciência
(experiência subjetiva; o Problema Difícil/Hard Problem do filósofo David
Chalmers).
Com relação ao livre-arbítrio, não vejo por
que não:
http://www.criticandokardec.com.br/design_inteligente.htm
E com relação à consciência, não vejo, igualmente,
por que não:
http://www.criticandokardec.com.br/essay_on_conscious_water.htm
Então eu fecho essa minha longuíssima avaliação
do texto de Ernesto sobre Proselitismo Ateísta com duas afirmações:
Primeiro, a crença em deus (ou Deus) e em espíritos
está muito longe de ser improcedente, e é vital que quem quer que se apresente
como um porta-voz científico sobre o assunto se embase o máximo possível,
para não acabar cometendo os mesmíssimos erros que tantas e tantas religiões
cometem nessa seara.
Segundo, para mim pelo menos, o proselitismo
ateísta de Ernesto (e de muitos outros ateus também) é bem vindo. Eu diria
mesmo que é necessário, e enriquece nossa sociedade com uma diversidade indispensável.
E se essas minhas longas exposições puderem servir para pelo menos melhorar
um pouco essa atuação que, volto a frisar, já é bastante boa, então terá valido
a pena esse meu breve esforço.
No mais, agradeço a Ernesto a abertura em permitir
que eu postasse essas mensagens no fórum de sua comunidade do Orkut. Daqui
a uns seis meses devo finalizar uma versão para postar no meu site sobre esse
tema, basicamente usando o que eu escrevi somado de sugestões, comentários
e correções que eu fizer onde me parecer necessário (baseado nos feedbacks
que eu receber inclusive). E na versão final, serão igualmente bem vindos
comentários adicionais que Ernesto julgar acertados enviar.
Abraços,
Julio Siqueira
ADENDO EM 18 DE SETEMBRO DE 2012:
Ernesto afirma não ver muitos problemas na militância ateísta de, entre outros, Sam Harris, e cita que leu o livro dele A Morte da Fé.
Em http://wolfedler.blogspot.com.br/2010/08/proselitismo-ateista.html
"A militância ateísta de Richard Dawkins, Daniel Dennett, Sam Harris, Michel Onfray, Bart Ehrman, Christopher Hitchens, e outros não me parece, da modo algum, agressiva e mesquinha. Pelo que já li desses autores (todos os livros do Dawkins, Quebrando o Encanto do Dennett, Tratado de Ateololgia, do Onfray, A Morte da Fé do Harris, Deus não é Grande do Hitchens, O problema com Deus, do Ehrman) eles são muito mais educados e têm muito mais consideração pelos crentes do que reciprocamente os crentes em relação aos ateus."
Escrevi recentemente uma resenha, em inglês, no site www.amazon.com sobre o livro de Sam Harris, The End of Faith (A Morte da Fé). Apenas para resumir, minha conclusão (e título) é de que o autor em questão (Sam Harris) tem que ser mandado para a cadeia...
Link abaixo:
http://www.amazon.com/review/R3V38LBPSD575Z/ref=cm_cr_rdp_perm
Abraços,
Julio